A descoberta do petróleo em solo brasileiro na década de 20 marcou uma importante revolução na economia e no desenvolvimento do país. Com posse desse contexto histórico denso e uma produção relevante, o novato “Ouro Negro” fez uma breve e inocente panorâmica sobre esse momento, tropeçou no dramalhão e enfraqueceu um argumento que teria grande força se bem trabalhado. Dirigido e escrito por Isa Albuquerque, com Duba Elia, Diana Nogueira e Ana Lúcia Andrade participando também do roteiro, o resultado final deixa dúvidas quanto a inexperiência com o trabalho ou a falta de senso e sensibilidade com o cinema.
A história passa pela geração da família Gosh, que lutou pelo direito de explorar o território de Alagoas apesar das intervenções e adversidades políticas que embarreiravam a extração do “ouro negro”. O primeiro indício de estranhamento se apresenta justamente no título do filme que, inconscientemente (é o que se espera), já faz referência ao ganhador do Oscar em 2008 “Sangue Negro” (There Will Be Blood, 2007, EUA) de Paul Thomas Anderson.
A trama desenvolve seus personagens de forma confusa e grosseira, como por exemplo Pedro Gosh (Thiago Fragoso) que se altera entre personalidades distintas, João Martins (Danton Mello) que passa um estereótipo cansativo e idealista e Otto Manheimer (Felipe Kannenberg) que vai perdendo o sotaque ao longo do filme. Além disso, apesar de contar com um elenco composto por alguns grandes atores do cinema nacional, como Chico Dias e Daniel Dantas, a atuação teatral e os diálogos construídos como os de um romance quebram um pouco da verossimilhança necessária para tornar a obra condizente com o produto cinematográfico.
Não somente para olhos mais exigentes a ausência de técnica e habilidade na direção contribui negativamente. A câmera desconhece e desaproveita o espaço (apesar das belíssimas locações), “chapando” os atores na tela, e os movimentos transitam entre a preguiça e previsibilidade. Ademais, com planos mal trabalhados e, por certas vezes, piegas, insistindo toscamente em criar uma subjetividade para envolver o espectador, o resultado final amontoa crime, drama, romance, política, história, economia, valores éticos e morais e não constrói nada que seja suficientemente tocante ao longo dos seus 115 minutos.
