quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Maçã do Amor

Histórias de amor, por mais que busquem inovar e fugir do lugar comum, sempre deixam um ar familiar de associação com outras. A diferença de “Nova York, Eu Te Amo”, e sua sutil e inteligente estrutura, está no fato de não contar uma história ou desenvolver uma só narrativa: o longa é construído por curtas de 11 diretores e se completa e se auto-referencia com a grandiosidade de uma obra que inicia e acaba em si. Nada muito complexo, como possa parecer, apenas ativos amantes da cidade, de diferentes nacionalidades, veteranos ou não, guiados pelo sentimento mestre do qual falamos… conectados pelo cinema.



E o que faz de Jian Wen, Mira Nair, Shunji Iwai, Yvan Attal, Brett Ratner, Allen Hughes, Shekhar Khapur, Natalie Portman, Fatih Akin, Joshua Marston and Randy Balsmeyer um conjunto harmônico de diretores? A obra revela que não falamos apenas de técnica, de roteiros, muito menos de conflitos e personagens profundos… Partindo apenas do ideal onírico que se forma diante da bem conhecida Big Apple, a simplicidade e a graciosidade das pequenas tramas, aliadas ao ambiente, compõem um resultado despretensioso e encantador.


Temos uma câmera que passeia, turisticamente e nativamente, pelo conceito atordoador e saturado de Nova York, surpreendentemente acolhedora e menos perturbadora a cada cena. O típico estereótipo de excesso de neon, vitrines, luzes e informações é amenizado por personagens que envolvem e se envolvem em pequenas histórias que não chegam a se entrelaçar, apesar da edição trabalhar muito bem para isso. O que salta aos olhos é este paradoxo de tornar coeso e agradável um todo formado de pequenos recortes distintos de uma cidade provocante.


Em homenagem ao diretor Anthony Minghella, que escolheu como seu substituto Shekhar Khapur um pouco antes de falecer, o filme é uma ode à transcendência, ao fascínio que uma cidade é capaz de provocar ambientando as mais criativas e variadas situações amorosas. De Chinatown até distrito de Diamond (com a beleza incondicional de Natalie Portman) chegando ao Brooklin com seu casal de velhinhos, há muitos outros pontos de encontro onde o espectador pode se perder e encontrar também um motivo para se apaixonar.

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