quarta-feira, 25 de setembro de 2013

One Direction Surpreendente

Vivemos em uma época imediatista em que artistas com poucos anos de estrada já ganham filmes que "celebram" o seu sucesso. Aconteceu com Justin Bieber, Hannah Montana, Jonas Brothers... e agora, One Direction. A banda, revelada em um reality show, ainda não tem muita história para contar, mas é possível dizer que One Direction: This is Us (EUA, 2013) é um filme bem feito e honesto. "Bem feito" porque ele parece que não foi realizado de qualquer jeito, não é só um caça-níquel que vai tirar alguns trocados das fãs pré-adolescentes que, de qualquer maneira, iriam ao cinema para assistirem aos seus ídolos.



Google Invade os Cinemas

Talvez, Os Estagiários (The Internship, EUA, 2013) seja um dos maiores casos de merchandising na história do cinema.  O filme inteiro fala sobre como é legal trabalhar na Google. De acordo com o longa, la é quase a Disneylândia dos escritórios: Tem comida liberada, espaços para soneca, aulas de dança, um escorrega e até partidas de quadribol, o popular jogo do Harry Potter.


Cinema Universitário

Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diógenes e Ricardo Pretti são um grupo de amigos que se reuniram com um objetivo em comum: fazer cinema. Após conseguirem certa notoriedade (e prêmios) com "Estrada para Ythaca", o quarteto conseguiu lançar mais dois filmes em circuito comercial. Um feito realmente incrível para um grupo de cineastas que não estão preocupados em agradar ninguém: os seus filmes são direcionados para um público muito, MUITO restrito. Trata-se daqueles  longas difíceis que muitos odeiam e até abandonam o cinema no meio da projeção. Afinal de contas, poucos possuem "bagagem intelectual" para acompanharem os filmes dessa galera. Ou melhor, eu diria que as pessoas não tem PACIÊNCIA mesmo.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Pior Filme do Ano?

Alguns longas não merecem estrear na tela grande e este é o caso desse A Brasileira ("The Brazilian", EUA/Brasil, 2013), uma co-produção entre Brasil e Estados Unidos que tem a maior cara de filme lançado direto em DVD. Tudo no filme é tosco. Aliás, tosco é pouco. Tudo é muito amador e o roteiro parece que saiu da cabeça de alguém com o QI abaixo de zero.


Se Puder... Fuja!

SE PUDER...DIRIJA! (Brasil, 2013) é o primeiro filme nacional live action filmado em 3D. E se algum dia esse filme for lembrado, será só por isso mesmo. O resto, é melhor esquecer. O diretor Paulo Fontenelle, após dois documentários, decidiu (sem sucesso) se aventurar no terreno da comédia. Infelizmente, o seu filme, além de sofrível, não tem a mínima graça.



domingo, 18 de agosto de 2013

Agora Só Resta Chocolate

A festa gaúcha do cinema chega ao fim. Foram vários filmes, muito chocolate, e chimarrão por uma semana. Mas agora chega a vez da verdadeira estrela da noite. Que não é nem estrela, é sol. O Kikito, prêmio dado aos vencedores do festival. Dessa vez a disputa por ele acontece em 3 categorias: curta nacional, longa estrangeiro e longa nacional.            


Os primeiros convidados a subir no palco vieram direto da Sbornia. Foram os músicos Kraunus e Pletskaya, do longa animado gaúcho Até que a Sbornia nos separe (que só levou melhor direção de arte) para cantar a "Aquarela da Sbornia". No intervalo entre premiações eles voltaram ao palco para cantar epitáfio e depois e depois uma versão bem onomatopeica de white christmas em homenagem ao natal luz, comemoração típica da cidade.



O primeiro prêmio foi dado ao curta Tomou Café e Esperou de Emiliano Cunha por melhor desenho de som. Ele também havia ganhado o mesmo premio na seleção dos curtas gaúchos. E logo seguiu a premiação dos melhores curtas brasileiros.

 

Quem fez a festa na premiação de curtas gaúchos foi O Matador de Bagé. Essa noite a realidade não foi a mesma. A obra não foi agraciada com nenhum Kikito no circuito nacional. Em vez disso, quem tomou conta da primeira parte da cerimônia foi Acalanto de Artur Saboya. Além de levar os dois principais prêmios da categoria (melhor diretor e melhor filme) também arrecadou melhor atriz para Léa Garcia, melhor direção de arte e melhor trilha musical. O curta também levou a estátua de melhor filme pelo júri popular.


Outro curta metragem que fez bonito na noite foi o bonitinho A Navalha do Avô, de Pedro Jorge. O filme que conta o definhamento de um velho pela ótica de seu neto conseguiu levar os prêmios de melhor roteiro, melhor ator (Kaue Telloli), além do prêmio Canal Brasil.


Logo em seguida, foi a vez dos filmes estrangeiros. Que veio com uma surpresa: Cazando Lucianergas. O Longa colombiano surpreendentemente agariou quatro dos oito prêmios da categoria. Eles foram: melhor fotografia, melhor roteiro, melhor atriz (pela mirim Valentina Abril) e melhor direção (Roberto Flores Prieto). Só o melhor filme que foi pra outro. Nesse caso, o documentário Repare bem da portuguesa Maria de Medeiros que fala sobre as ditaduras na America Latina.

Entre outros vencedores, vale mencionar a coprodução braso-argentina A Oeste do Fim do Mundo, do brasileiro Paulo Nascimento. Além do prêmio do júri popular ele também levou melhor atuação para César Troncoso.


Como era de se esperar, as previsões de todo mundo se fez real: Tatuagem fez a rapa. Mais um longa pernambucano fazendo bonito no festival, seguindo a tradição que começou ano passado com O Som ao Redor que ganhou o júri popular ano passado. Dessa vez, o longa de Hilton Lacerda foi eleito o melhor filme do festival, além de melhor ator com Irandir Santos e melhor trilha sonora musical do DJ Dolores (provavelmente pela música do "tem cú"). Logo o primeiro prêmio veio do júri da critica. Que também premiou Os Filmes Estão Vivos e Repare Bem.


Mas a surpresa da noite não foi o tatuagem. Foi o paulista a bruta flor do querer. O longa dos bróderes paulistas Andradina Azevedo e Dida Andrade chamaram a atenção por levar o Kikito de melhor fotografia e melhor direção por A Bruta Flor do Querer. No juri popular a escolha foi um empate entre Até Que a Sbornia Nos Separe e A Coleção Invisível, cujos atores coadjuvantes Walmor Chagas e Clarisse Abujanra também levaram Kikitos. No prêmio especial do júri quem foi agraciado foi o doc Revelando Sebastião Salgado de Betse de Paula.

Confira aqui a lista completa dos vencedores:


CURTA-METRAGEM


Melhor Filme
“Acalanto”

Melhor Diretor
Arturo Sabóia, por “Acalanto”

Melhor Ator
Kauê Telloli, por “A Navalha do Avô”

Melhor Atriz
Léa Garcia, por “Acalanto”

Melhor Roteiro
Francine Barbosa e Pedro Jorge, por “A Navalha do Avô”

Melhor Fotografia
Ale Sameri, por “Arapuca”

Melhor Montagem
Gilberto Scarpa e Vinícius Gotardelo, por “Merda”

Melhor Trilha Musical
Luis Olivieri, por “Acalanto”

Melhor Direção de Arte
Rogério Tavares, por “Acalanto”

Melhor Desenho de Som
Tiago Bela, Rita Zarti, Marcelo Lopes da Silva, por “Tomou Café e Esperou” 

Prêmio Especial do Júri
“Os Filmes Estão Vivos”

Menção Honrosa
“Carregadores de Monte”

Prêmio Canal Brasil
"A Navalha do Avô", de Pedro Jorge

Prêmio Dom Quixote
"Repare Bem", de Maria de Medeiros

Menção Honrosa
"A Oeste do Fim do Mundo", de Paulo Nascimento, e "Venimos de Muy Lejos", de Ricardo Piterbarg


Júri da Crítica


Melhor Curta-metragem
"Os Filmes Estão Vivos", de Fabiano de Souza e Milton do Prado

Melhor Longa-metragem estrangeiro
"Repare Bem", de Maria de Medeiros

Melhor longa-metragem brasileiro
"Tatuagem", Hilton Lacerda


LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO


Melhor Filme
“Repare Bem”, de Maria de Medeiros

Melhor Diretor
Roberto Flores Prieto, por “Cazando Luciérnagas”

Melhor Ator
Cesar Troncoso, por “A Oeste do Fim do Mundo”

Melhor Atriz
Valentina Abril, por “Cazando Luciérnagas”

Melhor Roteiro
Cesar Franco Esguerra, por “Cazando Luciérnagas”

Melhor Fotografia
Eduardo Ramirez Gonzalez, por “Cazando Luciérnagas”

Prêmio Especial do Júri
Grupo de Teatro Comunitário Catalinas Sur em “Venimos de Muy Lejos”


LONGA-METRAGEM NACIONAL


Melhor Filme
“Tatuagem”

Melhor Diretor
Andradina Azevedo e Dida Andrade, por “A Bruta Flor do Querer”

Melhor Ator
Irandhir Santos, por “Tatuagem”

Melhor Atriz
Leandra Leal, por “Éden”

Melhor Roteiro
Domingos Oliveira, por “Primeiro Dia de Um Ano Qualquer”

Melhor Fotografia
Gallo Rivas, por “A Bruta Flor do Querer”

Melhor Montagem
Karim Harley, por “Os Amigos”

Melhor Trilha Musical
Dj. Dolores, por “Tatuagem”

Melhor Direção de Arte
Eloar Guazelli e Pilar Prado, “Até Que A Sbórnia Nos Separe”

Melhor Desenho de Som
Edson Secco, por “Éden”

Melhor Ator Coadjuvante
Walmor Chagas, por “A Coleção Invisível”

Melhor Atriz Coadjuvante
Clarisse Abujamra, por “A Coleção Invisível”

Prêmio Especial do Júri
“Revelando Sebastião Salgado”

sábado, 17 de agosto de 2013

Estranhamente Familiar

Os homens latinos de hoje estão muito introspectivos. Todos precisando de uma figura feminina que tirem nos das apatias. O que aconteceu a oeste do fim do mundo se repete em Cazando Luciernagas (Colombia, 2013). Um filme bonitinho, com muito coração, mas que acaba sendo prejudicado pela semelhança com o argentino.

 

Lugar Qualquer

Gramado fica no Brasil, mas pela proximidade, é praticamente um parquinho para os argentinos. Bem na fronteira do que é um filme nacional e estrangeiro está A Oeste do Fim do Mundo (Argentina/Brasil, 2012). Equipe brasileira, deserto argentino, e César Troncoso, nos leva para o meio do nada para tratar das relações humanas. Embora não se destaque em nenhum dos aspectos, ele faz tudo direitinho e serve como um bom exemplo sobre o que há de melhor no nosso cinema e dos hemanos.



sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Ressaca Moral

É claro que sempre depois da Sbornia vem a ressaca. E não existe ressaca maior que a de primeiro de janeiro. Em Primeiro Dia de Um Ano Qualquer (Brasil, 2012) o dramaturgo Domingues de Oliveira aproveita essa ressaca moral para discutir sobre a Vida, o Universo, e Tudo Mais!

Odisséia Paulistana

Pretensioso, maluco e cool! Os Amigos (Brasil, 2013) não se desculpa pelo que é e parte para fazer a sua mágica. Ele segue numa linha tradicional até que decide se esculhambar e fica mais legal ainda!


“O roteiro começou sobre um dia na vida de um arquiteto. Aí eu fui ler um poema de João Cabral de Melo Neto chamado ‘Fábula de um Arquiteto’, que fala que as portas viram portas de fechar e não de abrir. E é por isso que esse personagem ta passando: ele ta chato, ele ta banana, ele perdeu esse frescor. A morte do amigo faz ele voltar a essa idade em que as portas ainda são abertas. Por isso que as crianças tem uma presença importante.” É o que explica a diretora Lina Chamie sobre a gênese do projeto.


“Eu li esse roteiro e pensei: ‘essa mulher ta louca’. Achei que o roteiro a gente ia mudando ao longo da filmagem. Aí quando vi l filme ele é exatamente o que tava no papel.” Explica o ator protagonista Marco Ricca. Além de tudo, Os Amigos é inspirado na amizade que ele leva com a diretora. O ator também parte para tecer um elogio sobre a forma de dirigir da amiga: “É de um rigor absoluto. Ela tinha muito claro o que ela queria, da obra. É talvez a diretora que mais me dirige.”


O dia em uma metrópole como são paulo mais parece com um épico grego. Essa é a premissa inicial do filme. Mas aí ele parte para uma autocrítica pessoal e cinematográfica que deixariam Buñuel orgulhoso. É um roteiro divertido e engenhoso, são reflexões muito bem elaboradas que deixam um sorriso na cara. Embora algumas pirações acabem muito malucas e até desnecessárias, o clima de "irado!" não se perde.


A narrativa principal foca em um arquiteto por SP que lida com a perda de seu amigo de infância. Mas A mise en scene se divide entre , uma montagem infantil de "A Odisséia" e animais no zoológico. Um dos princiais elementos do filme é o uso de crianças. O filme beira a um filme infantil, ao mesmo tempo que trata de temas sérios. Ainda assim, a Lina é categórica ao explicar porque o não considera Os Amigos um filme infantil: “É um filme que fala de perda, e crianças tiveram que se despedir pouco. Exceto aquelas que assistiram ‘Bambi’.” brinca ela.


Nas próprias palavras da diretora: "É um filme carinhoso. E sem carinho não resta nada!" Está certíssima. Os afetos desse filme nos marcam, e relembram uma coisa há muito tempo perdida.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Flores de Chumbo

Repare bem (“Les Yeux de Barcuri” França Itália Brasil, 2013) é uma emotiva viagem por uma sofrida história pelos olhos de quem viveu de perto um dos momentos mais difíceis da América Latina. Uma história muito pesada com depoimentos que prometem emocionar, ou pelo menos abalar, o espectador. Apesar dessa forte carga emocional, em aspectos técnicos o filme deixa a desejar.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Esconda Seus Louboutins


Sophia Coppola volta aos cinema com BLING RING – A GANGUE DE HOLLYWOOD (The Bling Ring, 2013, EUA). Depois do interessante “Um Lugar Qualquer (2010)” a diretora americana decide lançar um filme para agradar a outra parcela da classe média alta (muito alta) que ela não alcançou com os planos contemplativos da atriz Elle Fanning: a parte alienada da classe média alta (muito alta). Vou citar alguns elementos que chamam a atenção desse nicho, não se martirize se algum dos itens a seguir te interessar: Louboutins, Chanel, Gucci, Tiffany, Cartier, Marc Jacobs, drinks coloridos, Paris Hilton, Orlando Bloom, Lindsay Lohan, muita grana e Emma Watson (mais gata do que nunca). Se suas pupilas dilataram com qualquer um desses exemplos: corre pro cinema. 


Superexposto

É agradável saber que um dos maiores fotógrafos do mundo é brasileiro, mesmo que poucas pessoas saibam disso. O trabalho de Sebastião Salgado une beleza com crítica social em fotografias que, por bem ou por mal, deixam você de queixo caído. Revelando Sebastião Salgado (Brasil, 2013) se propõe a jogar uma luz não só no trabalho dele, mas também na pessoa que fica com o dedo no disparador. Um documentário que pode ter ficado demais na moldura, mas que mesmo assim deu o enquadramento certo para essa paisagem.

Festa Estranha com Gente Esquisita

Venimos de Muy Lejos (Argentina, 2012) vai te assustar, não importa quantos filmes bizarros você tenha visto antes. Ele bebe de várias fontes diferentes: Documentário? Ficção? Metafilme? Fantoches? O resultado disso é um pastiche inusitado que consegue ficar no lado bom da coisa. Muito provavelmente você vai sair dele com a mesma reação que eu tive: “Que filme louco, meu!”


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Tango do Incesto

O cinema já contou-nos histórias muito estranhas. Geralmente, elas eram ficcionais. O que torna muito mais estranho a teoria (conspiratória?) do doc El Padre de Gardel (Uruguai, 2013). Um documentário com um segredo muito louco que acaba ficando perdido no meio de muitas coisas desinteressantes.



domingo, 11 de agosto de 2013

Uma Coletiva com Perón

Para falar sobre o filme Puerta de Hierro, El Exílio de Perón (Argentina, 2012) nada melhor do que o próprio Perón. Demorou um pouquinho para bater que o diretor do filme, Victor Laplace, também era o seu ator principal. Já tendo interpretado Juan Perón antes no filme Eva Perón (não o da Madonna, o argentino), ele volta pra frente e pra trás das câmeras 6 anos depois para fazer o personagem bem mais velho. Se tratando de inclinações políticas, o diretor é enfático em dizer: “¡Soy Peronista!”.

Limbo Cinematográfico

Sabe aqueles assuntos complicados, tipo política, religião e futebol, que transformam conversas de bar em guerras épicas? Justamente por seu potencial polêmico, são abordados com frequência pelo cinema. Infelizmente, muitas vezes o resultado final não é dos melhores. No caso de ÉDEN (Brasil, 2012), identificar as qualidades do filme é tão fácil quanto identificar seus defeitos, e de certa forma eles se equivalem, produzindo um resultado curioso que fica numa espécie de limbo cinematográfico.

O Homem da Vez


Qualquer um de nós consegue listar sem maiores dificuldades uma infinidade de atores estrangeiros que construíram suas carreiras (quase) exclusivamente no cinema. Se formos pensar em brasileiros com a mesma trajetória, no entanto, a coisa fica um pouco mais complicada. No entanto, quando o assunto é Cinema Brasileiro tem um homem que se destaca: Wagner Moura. O ator é um dos raríssimos casos de brasileiros que começaram na telona e por lá ficaram. Mesmo tendo feito “desvios” pelo teatro e pela televisão, sempre com enorme sucesso, é de seu brilho na imagem projetada que os fãs sempre se lembram.

Fora de seu Elemento

Muitas vezes vemos filmes biográficos, ou até baseado em fatos reais, preconizarem a sua veracidade em detrimento à narrativa ou poesia. Esse não é o caso de La Puerta de Hierro, el exílio de Perón (Argentina, 2012). Em sua superfície, pode até parecer que ele fala sobre os anos de exílio do presidente argentino em Madrid. O que o filme faz é pegar essa história para falar sobre o legado que um homem deixa para a sua sobrevida, e com isso aproveita para criticar a situação política da Argentina.

No dia do seu septuagésimo sétimo (77) aniversário, Juan Domingos Perón toma o dia para narrar as suas desventuras políticas em um gravador para sua alfaiate. Sucede um relato de seu exílio desde que o peronismo foi deposto, aproveitando para falar sobre as intrigas internas em sua casa, a nova esposa dondoca, e insurreição à distância. O verdadeiro mérito do filme é conseguir transcender seu gênero para falar de política sem perder o conflito humano de um homem fragilizado pelo tempo e pela perda.

O que realmente nos prende é o conflito interno de Perón, interpretado por Víctor Laplace, que mais parece um Tony Ramos argentino. Fica fácil de sentir empatia por ele: um homem perseguido por seu passado político, indo contra todos no seu desejo de regresso à Argentina, e ainda sofrendo a perda de sua antiga mulher. O mais bonito é a relação que ele constrói com sua alfaiate, uma relação paternal com quem já é pai de uma nação.

Fotografias tendem a passar despercebidas, mas essa merece tomar o palanque. Luz e enquadramento se unem para tornar um filme já bonito belíssimo. As locações, apesar de serem em grande parte uma casa, também possuem variedade. Mise-en-scene também está a par de tudo. O que acontece bastante são metáforas e simbolismos que, apesar de óbvios e meio bregas, conseguem passar a mensagem com clareza.


Dificilmente vemos um filme com tanta poesia, principalmente um que é baseado em fatos reais, e ainda mais um com política como pano de fundo. Não precisa conhecer a história do presidente tem ter inclinação política com ele para entrar na obra, mesmo assim, a maior figura política nela ainda é Evita Perón. Dizem que um homem tem que escrever um livro, ter um filho e plantar uma árvore antes de morrer. Perón fez tudo isso.

sábado, 10 de agosto de 2013

Flores do Mesmo Nicho

Os tempos não estão fáceis para ninguém! É só isso que se pode pensar quando o Clã Barreto tem dificuldade para achar patrocínio para o seu último filme. O longa em questão é Flores Raras (Brasil, 2013), que trata sobre a relação lésbica entre Lota de Macedo Soares e Elizabeth Bishop. Na coletiva que abriu o ciclo de entrevistas do 41º Festival de Gramado, a família falou sobre como foi o trabalho no filme que abriu o festival na noite anterior, e não deixou de mostrar sua insatisfação com a dificuldade de se fazer um filme no Brasil. Segundo as produtoras Lucy Barreto, Paula Barreto, e até pelo diretor Bruno Barreto, o problema veio das empresas de apoiarem um filme com temática homossexual.


“A gente ainda vive em um país muito conservador.” Nisso, Bruno Barreto é enfático. Muitas das empresas a que eles procuraram até demonstraram interesse em apoiar a produção, mas o incentivo nunca ia muito longe. O que levou ao ponto deles mesmo terem que financiar o filme para que ele saísse do papel. Paula Barreto até aproveita essa dificuldade para fazer uma crítica às empresas: “Nas publicidades elas até se direcionam para o público negro ou homossexual, mas na hora de apoiar um produto cultural direcionado para esses públicos eles não fazem.”


O projeto começou quando a matriarca da família, Lucy Barreto, comprou os direitos da adaptação do livro “Flores Raras e Banalíssimas” de Carmen Oliveira. Logo, a segunda pessoa a entrar foi a atriz Glória Pires. Que foi homenageada na noite passada com o prêmio Oscarito pelo conjunto da sua obra. Foi somente depois que a filha Paula Barreto entrou no projeto como produtora, e mais pra frente que o filme chamou atenção do seu diretor, o outro filho Bruno Barreto.


A estrela da noite sem dúvida foi Glória, que, além de receber o prêmio, também co-protagonizou o filme ao lado das atrizes internacionais Miranda Otto e Tracy Middendorf. A atriz confessa que nunca tinha lido um poema da Elizabeth Bishop antes, com quem sua personagem tem um caso lésbico. “Eu sempre amei poesia, mas só fui conhecer os poemas da Elizabeth Bishop quando entrei no projeto, aí eu me apaixonei. O Bruno me apresentou e eu agradeço ele por isso.” Ela também complementa que achou muito interessante fazer o papel de Lota, por ser uma mulher muito máscula que também possuía a sua fragilidade. “Ela tava lá com os peões de construção, tinha essa brodagem com eles. Mas não abria mão de sua porcelana inglesa dentro do barracão de construção.”


Outro prêmio intimamente ligado a este filme é o bolo de aniversário da LC Barreto, produtora que completa 50 anos em 2013. Em toda essa estrada, uma coisa que Lucy Barreto é categórica em afirmar é que já foi bem mais fácil de fazer cinema no Brasil. “Nos anos 70 e 80 estávamos na Era de Ouro do cinema brasileiro. Mas aí veio a Era Collor e a Era Lula e pararam de se distinguir as grandes produções das produções pequenas.”

Flores de Plástico

Toda vez que fazem um filme autobiográfico parece que alguém vai se revirar no túmulo. Dessa vez parece que foi a vez de Elizabeth Bishop e Lota de Machado de se revirarem juntas, mas separadas. Flores Raras (Brasil, 2013) quer ser uma produção cosmopolita que quer falar sobre um triangulo amoroso lésbico, as intrigas políticas de um Brasil pré-golpe e contar paralelamente a vida da poeta e da arquiteta.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Transformers e Megazords

O primeiro "Transformers" era um filme divertido que continha ação, aventura, comédia e uma Megan Fox devidamente escalada para o papel de gostosa. O diretor Michael Bay parecer ter  noção de que um filme sobre carros que se transformam em monstros de aço, definitivamente, não é sério. Parece que faltou um pouco dessa descontração em Guilherme Del Toro nesse Círculo de Fogo ("Pacific Rim", EUA, 2013), um filme caro (e pretensioso) que se acha grande coisa. E não é.


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Especulação Imobiliária

O cinema nacional anda se profissionalizando em fazer comédias pastelões que mais parecem um especial de fim de ano da Globo. Este é o caso de Vendo ou Alugo (Brasil, 2012), uma comédia sobre quatro dondocas falidas que tentam, a qualquer custo, venderem o seu imóvel precário localizado no Leme, Zona Sul do Rio de Janeiro. Os rostinhos famosos e as situações novelescas dão todo um ar de sitcom para o novo filme de Betse de Paula, uma diretora que, segundo sua própria definição, ficou "invisível" por mais de dez anos.


Uma estranha no ninho.

É verdade que as narrativas representativas industriais (ou N.R.I.) passaram por um boom qualitativo nos últimos dez anos pra cá. Hollywood estar aprendendo com a sua concorrência ideológica só faz piorar o fato de que o cinema não representativo está passando por maus bocados. Camille Claudel, 1915 ("Camille Claudel, 1915" França, 2013) é um microcosmo de tudo que já de errado com o cinema autoral que está sendo produzido ao redor do mundo.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Velhos (?) Amigos

Na continuação de “RED Aposentados e Perigosos (2010)”, Frank Moses procura se adaptar ao estilo de vida dos civis. Ou seja, encontrar uma rotina um tanto quanto monótona no mundo que as maiores preocupações são os artigos que comprar para casa e o que fazer para o jantar. Mas sua amada Sarah se mostra um tanto entediada, aborrecida, com a tal rotina. Até o momento que Marvin aparece com sua paranóia.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Bom Exemplo Para as Crianças

Os Smurfs 2 ("The Smurfs 2", EUA, 2013) é aquele longa que os pais vão assistir só pra agradarem aos filhos. Claro que pode rolar uma certa nostalgia nos mais velhos, mas o público alvo desse filme são mesmo as crianças que ainda curtem "Xuxa Só Para Baixinhos" e que não perdem um desenho do Cartoon Network. Os Smurfs 2 é uma obra totalmente singela, pueril e ideal para se ver em família. É aquele típico filme que vemos nas tardes de fim de semana da Globo, um longa com gostinho de matinê.


terça-feira, 30 de julho de 2013

Messias Solares

As Aventuras de Kon Tiki (“Kon Tiki”, Reino Unido/ Noruega/ Dinamarca/ Alemanha/ Suécia, 2012) é um filme estranho e surpreendente. A promessa de um filme lento e introspectivo acaba se tornando uma aventura que transcende os gêneros. Uma biografia um tanto bizarra de um explorador com uma das idéias mais suicidas da vida.

Uma Santa Luta


O retrato realista de uma sociedade argentina conturbada. Os problemas e as injustiças decorrentes da desigualdade socioeconômica. A violência, a corrupção, os maus tratos sofridos pela maioria dominada. Essa é a grande característica de Pablo Trapero, um dos grandes nomes del nuevo cine argentino. Seu recorte seco e preciso derrama o “sangue” argentino na tela. Porém não se trata de “diretor-prostituto” – aquele que prostitui a realidade tornando-a sensacionalista – e sim de um homem preocupado e insatisfeito com a sociedade de seu país.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Suspense Sem Surpresas

Chega aos cinemas o novo filme de Ricardo Darín, ator queridinho do cinema argentino contemporâneo, que tem se destacado em bons projetos nos últimos anos. Tese Sobre Um Homicídio (Tesis Sobre Un Homicidio, Argentina/Espanha) não é diferente. O thriller policial não surpreende, mas carrega com competência o espectador até o fim da narrativa, segurado principalmente pela relação dinâmica entre os atores principais.

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