sábado, 17 de agosto de 2013

Lugar Qualquer

Gramado fica no Brasil, mas pela proximidade, é praticamente um parquinho para os argentinos. Bem na fronteira do que é um filme nacional e estrangeiro está A Oeste do Fim do Mundo (Argentina/Brasil, 2012). Equipe brasileira, deserto argentino, e César Troncoso, nos leva para o meio do nada para tratar das relações humanas. Embora não se destaque em nenhum dos aspectos, ele faz tudo direitinho e serve como um bom exemplo sobre o que há de melhor no nosso cinema e dos hemanos.





“O lugar é personagem em qualquer filme.” Explica o diretor Paulo Nascimento. E nesse caso que personagem eles escolheram: O Deserto da Patagônia. A história se passa em um posto de gasolina regido pelo personagem de César, um veterano das Malvinas, no meio daquele vazio, ele acolhe a personagem de Fernanda Moro eles começam as suas correções.


“O filme fala sobre esse incidente que acontece na vida das pessoas que causa a ruptura. E a possibilidade de superar.” Reflete Paulo sobre o que tinha proposto para sua obra. E para isso o deserto veio bem a calhar: “Fuma, come, bebe um vinho e ouve um vento. Interação com a solidão. Não tem nenhum outro lugar na am lat que tenha essa interação da solidão que a Patagonia.”


Mas o cenário não fica só no espaço que tem antes das cordilheiras. A equipe também teve que construir um posto de gasolina lá para que as locações pudessem acontecer: “A gente construiu um posto no meio do deserto. Tinha um, mas era a 100 km de tudo, então era inviável! Então a gente teve que construir numa reserva ambiental militar, a gente tinha que esconder qual era o tema do filme por se tratar da Guerra das Malvinas.” Conta o diretor sobre as dificuldade que foi arranjar um lugar pra filmar.


No que o ator Nelson Diniz logo complementa com uma curiosidade: “a gente teve q falar pra todo mundo que passava que não tinha gasolina. ” Todos riem, e Paulo logo se lembra: “A gente teve que pedir uma concessão para ter gasolina em posto ambiental e eu ficava dizendo que não tem gasolina! Em resumo, a gente teve que pagar uma nota e a gente poderia ter feito um posto lá e estaria ganhando dinheiro.”


Aqueles que assistiram no Festival de Gramado vão notar uma estranheza no elenco do filme: O apresentador Leonardo Machado como produtor executivo do filme. Na coletiva, Leo explica como entrou no projeto: “O próximo filme dele ia ser comigo, mas tinha que gravar o oeste antes. Então eu perguntei: ‘O que ta faltando pra produzir o filme? Dinheiro? Então vamos atrás’.” Ele gostou de estar do outro lado das câmeras: “Eu nunca me envolvi num filme tanto quanto esse.”


Outra novidade que o filme trouxe ao festival foi o uso de áudio descrição. Isso mesmo, para cegos poderem assistir o filme. A organizadora do recurso Marilane Castro explica como ele funciona e qual foi a sensação: “Foi um processo tranquilo, eram duas pessoas na sala de projeção e eles estavam com o roteiro. E a gente sente que as pessoas que estavam lá assistiram o mesmo filme que a gente.”

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