segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Tango do Incesto

O cinema já contou-nos histórias muito estranhas. Geralmente, elas eram ficcionais. O que torna muito mais estranho a teoria (conspiratória?) do doc El Padre de Gardel (Uruguai, 2013). Um documentário com um segredo muito louco que acaba ficando perdido no meio de muitas coisas desinteressantes.





Na interiorana cidade de Tacuarembó, no Uruguai, todos conheciam o nome do Coronel Carlos Escayola. Primeiramente como um mecena e incentivador das artes, segundamente como um tirano que tocava o terror na região. Ele fazia o que queria, principalmente na sua desregrada vida sexual: Ele casou com três irmãs, uma de cada vez, e depois teve um caso com a filha. Por fim, dizem as más línguas que desse caso com a filha nasceu Gardel! Sim, ele mesmo.


É uma história muito louca, né? Uma pena que o filme perca tempo falando sobre outras coisas. Parar para falar sobre o teatro da cidade ou sobre mulheres de dentaduras poderia ser interessante para um documentário que se focasse só em Carlos Escayola. Mas, quando você tem uma bomba dessas, você não faz um nariz de cera tão grande e vai direto ao ponto.


“A história do Coronel é tão incrível que muita gente não vai acreditar que é real.” Reflete Ricardo Assis, diretor do filme. O misticismo na figura de Escayola só aumenta com o sigilo que a família manteve por muito tempo. “É muito difícil achar alguma coisa sobre ele. A família esconde muito.” Mesmo assim, Ricardo acredita que não é a função do filme solucionar esse mistério: “Eu nâo pretendo comprovar nada. Essa é uma conclusão que o público deve chegar. Para mim, Gardel estava sempre buscando a sua família. Por isso ele tentou ser o maior cantor de tangos do mundo.”


Bem dizer a verdade, nunca foi comprovada a relação entre o ditador local e o cantor de tangos famoso no mundo. Tudo que a família pode fazer é especular. E muitas das teorias deles parece que é forçar a barra, mas como o filme não é tão bom assim, a gente faz um esforço de boa vontade para acreditar piamente no que eles dizem.


“Hoje em dia é muito simples resolver essa questão, é só fazer um teste de DNA. Existem restos humanos de Gardel. Mas a Argentina proibiu que isso seja feito” Comenta o montador Giba Assis sobre o ciúmes que os Hermanos têm do artista que supostamente pertenceria aos cisplatinos. Segundo a versão oficial, sua mãe teria tido ele com um homem desconhecido em Toulouse. Giba também reconhece o fascínio de acerca da figura do cantor: “Gardel é muito rico. Ele tem muitas histórias interessantes. Verdadeiras e ficcionais.”

Existe uma história muito boa dentro de El Padre de Gardel, o problema é que ela só toma a frente do filme na segunda metade para o final. O que deveria ter sido feito é pegar essa polêmica e ter feito ela o foco central durante toda a duração do longa. Talvez ela nem tivesse conteúdo para encher 75 minutos, mas a coragem com certeza seria melhor recompensada.

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