domingo, 11 de agosto de 2013

Limbo Cinematográfico

Sabe aqueles assuntos complicados, tipo política, religião e futebol, que transformam conversas de bar em guerras épicas? Justamente por seu potencial polêmico, são abordados com frequência pelo cinema. Infelizmente, muitas vezes o resultado final não é dos melhores. No caso de ÉDEN (Brasil, 2012), identificar as qualidades do filme é tão fácil quanto identificar seus defeitos, e de certa forma eles se equivalem, produzindo um resultado curioso que fica numa espécie de limbo cinematográfico.



A película de Bruno Safadi conta a história da jovem Karine (Leandra Leal, linda como sempre), que sofre um grande trauma aos oito meses de gravidez quando seu marido é assassinado e é então levada pelo irmão (Júlio Andrade) para a igreja evangélica do Pastor Naldo (João Miguel, que salva o filme), um homem de personalidade dúbia cujas verdadeiras intenções não ficam muito claras em nenhum momento. Enquanto acompanhamos o sofrimento da moça, que tenta com todas as forças transformar sua dor e seu ódio em fé, acompanhamos também um subtexto levemente crítico em relação às instituições religiosas.


Com uma estética muito bem cuidada, grande elenco e uma estranha, porém bela, trilha sonora concreta, o grande “pecado” do filme (com o perdão do trocadilho) está no fraco roteiro. A estrutura narrativa agonizante cria uma atmosfera sensorial que poucos cineastas saberiam explorar plenamente, fazendo com que vários momentos potencialmente belos e sensíveis do filme sejam apenas cenas longas, vazias e chatas. Repleto de belíssimas imagens que não se encaixam, a impressão que deixa é a de que se misturaram as peças dois quebra-cabeças diferentes para que fossem montados como um.


Curiosamente, por mais que várias cenas pareçam ser “grandes demais”, a sensação que o filme passa não é a de que sobrou coisa, mas sim de que faltou história para unir tudo, o que foi confirmado pelo diretor na coletiva de imprensa. De acordo com Safadi, muitas sequências foram cortadas para chegar neste resultado.


Na mesma coletiva também falou-se que ÉDEN é apenas a primeira de uma série de parcerias da atriz e produtora Leandra Leal, que apesar de ter comparecido à primeira exibição do filme não participou da entrevista, com o diretor. O segundo produto, que estreou do Festival de Roterdã em janeiro, é um romance adúltero entre ela e Mariana Ximenes e deverá ser exibido em outros festivais nacionais ainda neste ano.

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