O cinema nacional anda se profissionalizando em fazer comédias pastelões que mais parecem um especial de fim de ano da Globo. Este é o caso de Vendo ou Alugo (Brasil, 2012), uma comédia sobre quatro dondocas falidas que tentam, a qualquer custo, venderem o seu imóvel precário localizado no Leme, Zona Sul do Rio de Janeiro. Os rostinhos famosos e as situações novelescas dão todo um ar de sitcom para o novo filme de Betse de Paula, uma diretora que, segundo sua própria definição, ficou "invisível" por mais de dez anos.
Betse é diretora de "O Casamento de Louise" e "Celeste e Estrela", uma comédia que curiosamente fala sobre as dificuldades de se fazer cinema no Brasil. Dificuldades que a realizadora parece ter sentido na pele antes de finalmente lançar este Vendo ou Alugo. Não dá pra negar, o filme tem lá a sua simpatia e dá pra rir em uma ou outra cena. E só. Os absurdos do roteiro, muitas vezes, só funcionam graças ao time de veteranas que protagonizam a obra: Marieta Severo e Nathália Timberg não deixam a peteca cair. E após treze anos trabalhando em "A Grande Família", é um ótimo refresco para o público ver a saudosa Marieta interpretando um novo papel. Ao contrário da conservadora Nenê, esta aqui é uma mulher fogosa, que fuma maconha e flerta com o traficante vivido por Marcos Palmeira.
Vendo ou Alugo fala muito sobre o atual momento do Rio de Janeiro e aborda temas como a implantação das UPPs e da absurda especulação imobiliária que atinge a cidade graças aos eventos de grande porte que ela irá sediar nos próximos anos. No fim das contas, o filme de Betse de Paula é tão tosco e despretensioso que até consegue ser um pouco simpático.
O maior problema da obra realmente são os personagens totalmente estereotipados: O gringo burro, a empregada evangélica e a irritante personagem de Sílvia Buarque, uma riponga ambientalista, que é uma verdadeira metralhadora de chavões bregas. Totalmente desnecessário.
