terça-feira, 30 de julho de 2013

Messias Solares

As Aventuras de Kon Tiki (“Kon Tiki”, Reino Unido/ Noruega/ Dinamarca/ Alemanha/ Suécia, 2012) é um filme estranho e surpreendente. A promessa de um filme lento e introspectivo acaba se tornando uma aventura que transcende os gêneros. Uma biografia um tanto bizarra de um explorador com uma das idéias mais suicidas da vida.



Com o objetivo de provar a tese de que a Polinésia foi colonizada por uma civilização pré colombiana, o norueguês Thor Heyerdahl decide repetir o mesmo feito. Para isso ele parte em uma expedição de 101 dias em alto mar em uma jangada. Pode parecer mesmo que o filme vai ser um saco, mas não! Ele é esperto o suficiente para não deixar o filme ficar estagnado. Mostra bastante da origem de Thor, como ele chegou a sua teoria, e a cansada luta para conseguir financiamento para a sua loucura. O trecho na jangada ainda é a maior parte do filme, mas ele consegue ser repleto de intrigas, uma tensão ascendente e diversas dificuldades e perigos. No mais, o filme acaba evocando menos As Aventuras de Pi e consegue lembrar mais um filme de Murnau.

E, é claro, que num filme desses a fotografia tinha que estar dez! Os enquadramentos e as cores misturados com a artificialidade do digital conseguem inventar uma estética inédita que mistura o novo com o velho. A direção é competente o suficiente para manter a peteca no alto, mas vacila e deixa acontecer uma coda bem desinteressante. Para o que se propõe, a missão foi mais que cumprida.

As Aventuras de Kon Tiki é um filme cativante e bem bolado. Quando todas as promessas pareciam levar a uma decepção tempestuosa, um domínio das técnicas de narrativa conseguiram garantir um missão cumprida. Por mais que ele ainda seja indelevelmente autobiográfico, ele consegue não ser um saco.

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