
Só muito recentemente, a Dinsey resolveu voltar à sua longa tradição de princesas, e dessa vez foi a da Rapunzel. Em Enrolados (“Tangled” 2010, EUA), a princesa com cabelos maiores que o do Neymar recebe o clássico tratamento do estúdio com direito a um camaleãozinho abusado, um cavalo receoso e um “príncipe” anti-herói. A boa e velha fórmula continua a mesma aqui nesse filme, só que mais velha do que boa.
Pra quem não conhece a história como registrada pelos irmãos Grimm, uma feiticeira macabra promete salvar o filho de uma família camponesa e, em troca, ela quer a dita filha. Tan tan TAN! E isso sim aparece no filme da Disney, com a mera distinção dela ter sangue azul. Daí você pode imaginar o resto. Uma trama de magia e misticismo que fala de uma mãe superprotetora e uma filha que precisa aprender a sair da asa dela e criar seu próprio caminho pra ir atrás de seus sonhos. Com o tempo, a Disney teve que evoluir as suas histórias, “não julgar as pessoas pela aparência” já não cabia mais. Visto isso, é realmente forte esse caminho seguido.
Como a Disney também dita, muitas piadinhas, músicas e coisas bonitinhas para a criançada. Agora, eu assisti o filme na versão dublada então não tem como dizer como essas coisas se resolvem no idioma original, mas em português elas falham miseravelmente. As piadas falham em criar alguma simpatia com a cultura brasileira e reproduzir o feito de A Nova Onda do Imperador. E quanto às músicas, sem o suporte de um nome como Phil Collins ou Elton John, são só baladinhas bobinhas mesmo. Se tem um elogio que pode ser feito a Enrolados, é que o jeito moleque da Rapunzel acerta em cheio no charme e carisma.
Chega a ser paradoxal como um aspecto do filme possui ambições tão maduras e tenta lidar com ela com artifícios tão infantilóides. Fatalmente, fica claro que o tempo de hiato da Disney fez mal à ela. Não que ela tenha perdido a mão, longe disso, mas a magia de que o estúdio tanto se orgulha já está mostrando rachaduras.