
Quem não estava com saudades de um bom filme de Velho Oeste? De foras-da-lei bonzinhos e xerifes corruptos, da eterna luta por terra e ouro, de perseguições em cavalos e trens ou de paisagens lindas e longas das planícies quentes do deserto americano? Todos nós estávamos, não? "Nós quem, cara pálida?" Se você não sabe do que estou falando e/ou nunca ouviu essa piada, então se prepare para conhecer a dupla do Cavaleiro Solitário e seu companheiro, o índio Tonto, no filme O Cavaleiro Solitário ("The Lone Ranger", EUA, 2013), de Gore Verbinski.
O filme conta a história de John Reid (Armie Hammer), um recém formado advogado que acaba de retornar a sua casa no meio do Velho Oeste. Em seu trem, encontram-se o índio Tonto (Johnny Depp) e o notório fora-da-lei Butch Cavendish (William Fletcher), que escapa de suas algemas e foge, por culpa do próprio Reid. A fim de trazê-lo à justiça, Reid começa então sua perseguição e, nesta sinopse de forma simplificada para não levar os leitores a sérios spoilers, Reid se torna o Cavaleiro Solitário.
Com todos os elementos de um bom Western, O Cavaleiro Solitário definitivamente não deixou a desejar. Há romance, há comédia, mas principalmente há duelos geniais entre os heróis e vilões do filme. O diretor Gore Verbinski conseguiu fazer um perfeito paralelo do longa com a saga do "Piratas do Caribe", também de sua autoria, de forma que as semelhanças entre ambos são inegáveis. Ainda assim, há a presença distinta de todos os elementos de um filme do Velho Oeste, inclusive a famosa locação do Monument Valley, lugar favorito do diretor John Ford.
Para os leigos em Cavaleiro Solitário, vale mencionar que o personagem surgiu em 1933, como uma radionovela, e só chegou ao Brasil na década de quarenta, com uma série televisiva e em revistas de quadrinhos. Aqui, o protagonista viria a ser conhecido, no entanto, como Zorro, uma estratégia de marketing interessante para atrair os fãs do espadachim e que viria a trazer confusão, quando as histórias do mesmo foram narradas em outros meios, inclusive em "A Máscara do Zorro", o que levou a mudança do nome do herói cowboy para sua versão mais fiel ao título americano.
Além da fotografia impecável, figurino de época interessante e atuação invariavelmente peculiar de Depp, um elemento que me chamou atenção foi a trilha sonora de Hans Zimmer, que traz elementos tanto de sua trilha de Sherlock Holmes e também do Piratas do Caribe, como incorpora elementos de Ennio Morricone, o eterno compositor da fase de western spaghettis. Através de uma viola solitária em meio a um acompanhamento orquestral, o compositor consegue narrar musicalmente a história trágica do cavaleiro de uma forma belíssima, que realmente vale prestar atenção. Como se não bastasse, o roteiro ainda narra sobre várias questões, como justiça e corrupção, que em nossos tempos de protestos, seria impossível não fazer uma boa reflexão.
Apesar da fama consagrada, esta versão de O Cavaleiro Solitário vem sendo muito criticada pela mídia, por ser um filme muito longo e ter escalado Depp como um índio, apesar da clara origem caucasiana do ator. Tais fatores, pessoalmente não me incomodaram e considero uma forma de pedantismo existente a fim destruir uma obra que contém todos os elementos necessários para um ótimo entretenimento.
