A Princesa do Oceano

Inexplorado e gigantesco, o oceano sempre foi um ambiente de muito mistério. Então, quando o navio de Eric navega para casa, cantando músicas sobre o rei Tritão, e mergulhamos no mágico universo marinho das sereias, a Disney nos leva a um mundo desconhecido pelo homem e lá encontramos a princesa sereia Ariel em A Pequena Sereia ("The Little Mermaid", EUA, 1989), de Ron Clements e John Musker.

Ariel (Jodi Benson) é uma jovem sereia, muito curiosa sobre o mundo humano, da mesma forma que seríamos sobre o mundo das sereias, se tivéssemos qualquer prova dessa existência. Ela explora navios naufragados e coleciona artefatos humanos, que em suas mãos tomam outros nomes e significados, e assim, vive sua vida, esquecendo seu compromissos marítimos para a decepção de seu pai, o rei dos mares Tritão (Kenneth Mars), e do caranguejo jamaicano Sebastião (Samuel E. Wright), o compositor da corte que nunca pode contar com a voz de Ariel para seus concertos musicais.

Mas a curiosidade deixa de ser apenas passiva, quando Ariel numa noite resgata o príncipe Eric (Christopher Daniel Barnes) de um naufrágio e acaba se apaixonando pelo humano. Ela não pode recorrer ao seu pai para aproximá-los, pois ele teme qualquer relacionamento amigável com terrestres, então ela se aproxima de Úrsula (Pat Carroll), a bruxa do oceano e inimiga de Tritão. Úrsula desenha um feitiço para Ariel criar pernas por apenas três dias, nos quais a jovem tem que fazer com que o príncipe se apaixone por ela, senão ela retornará aos mares e pertencerá eternamente à bruxa. Outra cláusula neste contrato maligno é que Ariel perderá sua voz como pagamento, e assim, ela emerge no mundo dos homens completamente muda para tentar conquistar Eric.

A Pequena Sereia foi o primeiro conto de fadas da Disney a retornar às histórias das princesas desde "A Bela Adormecida" em 1959 e o primeiro filme de animação a explorar os mares, que viriam a ser um tema recorrente em filmes como "Atlantis", "Procurando Nemo" e a série animada "Bob Esponja". E não pense que isso foi fácil, pois os animadores fizeram mais de um milhão de desenhos, com mais de mil cores diferentes, em mil e cem painéis diferentes e pintaram mais de um milhão de bolhas, de acordo com o supervisor de efeitos Mark Dindal. Apesar das inovações tecnológicas da época, o filme ainda utilizou, e foi o último da Disney a fazê-lo, células pintadas à mão e câmeras analógicas para criar sua animação. E imaginem desenhar um milhão de bolhas! A mão de obra para isto veio da Pacific Rim Productions, uma empresa chinesa, cujos cofres com os valiosos desenhos ficavam à meras quadras do protesto estudantil chinês e da demonstração da praça de Tienanmin, que chegaram a ameaçar a produção da animação.

Mas o trabalho valeu a pena e A Pequena Sereia viria a resgatar a narrativa das princesas para o desenho animado e assim seria o primeiro filme de animação da Disney a receber uma indicação ao Oscar desde "Bernardo e Bianca" em 1977. O filme não só foi indicado, como levou duas estatuetas da Academia por Melhor Canção Original e Melhor Trilha Sonora Original, e tal par de prêmios viria a consagrar a dupla de compositores Alan Menken e Howard Ashman, que viriam a repetir a premiação pelos próximos quatro filmes da Disney: "A Bela e a Fera", "Aladdin", "O Rei Leão" e "Pocahontas".

Com uma trama repleta de canções memoráveis que viriam a se tornar parte da infância de qualquer criança e um romance que deixaria qualquer menina apaixonada, A Pequena Sereia é um filme marco na história da animação e para as crianças dos anos noventa.