
Tempos de Papa e bebês reais nos fazem lembrar o quão pouco nos distanciamos da Idade Média. Claro que acabou a escravatura (oficialmente, pelo menos) e que a monarquia é meramente simbólica, mas a diferença entre as classes sociais continua abismal em muitos países ainda. Claro que isso tanto no mundo humano, quanto no mundo animal privilegiado por este. É assim, que a Disney decide lançar, já em meados dos anos cinquenta, a história de A Dama e o Vagabundo ("Lady and The Tramp", EUA, 1955), de Clyde Geronimi, Wilfred Jackson e Hamilton Luske.
O filme conta a história da Dama, uma Cocker Spaniel em sua bela família rica. Isto é, até o dia em que seus donos, ou melhor, sua dona fica grávida, e assim diminui sua atenção à cachorrinha deprimida e ciumenta. Depois de vários incidentes envolvendo o bebezinho e uma dupla de gatos siameses, Dama acaba fugindo e conhece o vira-lata Vagabundo, que acaba a ajudando a sobreviver a vida nas ruas. Depois de um jantar romântico dos cãozinhos, Dama se vê no dilema de voltar para casa ou viver livre de cercas e coleiras.
Outro detalhe interessante do longa foi contratar a cantora Peggy Lee para interpretar algumas vozes do filme, como a da dona Darling e dos gatos, algo inovador para a época, já que não era costume contratar vozes famosas para a dublagem dos personagens animados.
Ainda assim, é impossível ignorar a mensagem sobre classes sociais, mais presente na época do que hoje, através de outros filmes como "A Princesa e o Plebeu" (1953), com Audrey Hepburn e Gregory Peck. Por mais que o filme termine com um final feliz, ele ilustra bem os dois lados sociais num retrato interessantemente animal das classes.