
Eu tenho que admitir, não tinha a menor ideia do que esperar de um filme de terror australiano. Por algum motivo, sempre que eu penso em filmes e em Austrália, imagino a Nicole Kidman e o Hugh Jackman correndo por um campo seco ao entardecer. Por isso fiquei muito surpreso quando percebi que The Loved Ones (Austrália, 2009) não só estava longe de ser ruim, como hoje é um dos meu preferidos.
Lola é uma estudante que aparenta ser bem tímida e fica extremamente frustada ao ter seu convite para o baile recusado por Brent, o bad boy da escola. Então ela decide sequestrá-lo e torturá-lo com a ajuda de seu pai, forçando o menino a participar do seu baile particular.
The Loved Ones vai muito além do seu ordinário "torture porn". Não que o filme não tenha suficientes cenas para você se contorcer, mas elas são perfeitamente balanceadas com um toque de humor negro. Eu diria que é uma mistura perfeita entre "A Melhor Festa do Ano" (Prom, EUA, 2011) - ironicamente um dos piores filmes de 2011 - e "O Albergue" (Hostel, EUA, 2005). Os momentos do baile conseguem fazer com que as cenas de tortura na casa de Lola sejam muito mais intensos.
Uma das coisas que eu mais gosto em The Loved Ones é a dinâmica de Lola com seus pais. Ela é quase uma versão feminina de Édipo. Sem contar que Brent é praticamente um Jesus australiano, pés pregados, coroa, e cabelo grande (ou será que eu estou viajando muito?). A fantástica atuação de Robin McLeavy (Lola), me fez com que eu torcesse o tempo todo por ela. Durante seus orgasmos enquanto força Brent a chupar-lhe os dedos e fura um buraco na cabeça dele, ela tem um olhar tão puro. Não sei se completamente malígno ou inocente. Talvez eu prefira as malucas.
E é óbvio que como todo bom filme de terror, The Loved Ones consegue transformar uma música completamente inocente e bonitinha em algo totalmente arrepiante. Escutem "Not Pretty Enough" antes e depois de ver o filme: parecem duas obras diferentes. Claro que eu não poderia deixar de mencionar os “zumbis”. Sério, o que são aquelas coisas? Canibais, serial killers e lobotomias. Parabéns, Austrália.