
É razoável concorda que nossas vidas são baseadas em métodos
que adotamos, ou seja, uma série de ações tomadas de acordo com princípios
privados. Teóricos dizem fazer parte de nossa cultura tal maneira de proceder,
daí os múltiplos métodos (ensino, política, economia, entrevista de emprego
etc.) mundo a fora.
O chamado
Método Grönholm consiste numa espécie de dinâmica de grupo onde são
avaliados não somente a capacidade de liderança ou a propensão de trabalho em
grupo mais também o comportamento do candidato frente a momentos de
adversidades e pressão. Trata-se de método fictício, é claro. Porém, é dessa
maneira que o autor catalão Jordi Galceran expõe o caráter do homem, na peça O Método Grönholm, quando testado em
competição (de sobrevivência).
Em O Que Você Faria? (“El Método”, 2005, Argentina), Marcelo Piñeyro adapta esse texto grande funcionalidade e, por que não, com personalidade. Tendo em suas quase duas horas de duração um único cenário, a sala onde se encontram os candidatos para a vaga de emprego, assemelha-se a um dos maiores clássicos do cinema, Doze Homens e Uma Sentença (“12 Angry Men”, 1957, EUA) de Sidney Lumet. Assim como a obra hollywoodiana, o filme se sustenta nos diálogos e conflitos entre os personagens, só que neste caso, o futuro que está em risco é o deles mesmo.
O tema é um grande campo de discussões que ultrapassam as
paredes da sala de entrevista e adentra na ética profissional, a
vulnerabilidade da massa sob os detentores do poder, o “capitalismo selvagem”,
que, para sobrevivermos, precisamos destruir nossos iguais. É o chamado “mundo-cão”
retratado na tela.
Trata-se de uma interessante abordagem e interpretação da
nossa sociedade. O cenário único dá-nos uma sensação claustrofóbica, uma prisão
interior na qual o detento(s) são as nossas convicções, e nos faz refletir o
quão perversos podemos ser.