Primeiro preciso me desculpar em nome de todos os lixeiros pelo lento ritmo de postagens pelo qual o LixeiraDourada tem passado. Não é fácil organizar mudanças no template, promoções, divulgação… e conciliar tudo isso com os afazeres cotidianos nos deixa com menos tempo livre do que gostaríamos. Mas tenham certeza de que estamos nos esforçando para aumentar a qualidade dos textos aqui publicados, bem como sua frequência (sem trema, não esqueçam). Por hoje vou dedicar meu post a duas críticas musicais que eu já quero fazer há algum tempo: o álbum Tonight, do Franz Ferdinand, e o quase recém lançado Quiet Nights, da canadense Diana Krall.
Noite Adentro

Vou começar com o mais antigo dos dois. É bastante provável que vocês já tenham lido a respeito, ou até mesmo tenham escutado o álbum inteiro. Tonight (Domino), último lançamento da banda escocesa Franz Ferdinand confirma que os garotos de Glasgow foram um tipo incrivelmente raro de banda: o tipo que se supera a cada novo trabalho. Sendo esse seu terceiro trabalho de estúdio, já me sinto à vontade para afirmar que ele atingiram uma maturidade musical que muitas bandas com mais tempo de estrada não conseguiram. Pra falar a verdade, o único exemplo que me ocorre de banda que melhora consideravelmente a cada novo CD (pelo menos até agora) é o Placebo (que marcou o lançamento de Battle For The Sun para o início de junho).
Em Tonight o Franz diz que veio pra ficar e bate o pé, fazendo você bater junto, como sempre. Eles cumpriram a promessa de fazer músicas que fugissem dos padrões e servissem tanto para se escutar em casa quanto para a pista de dança. A primeira música de trabalho foi Ulysses, que sem a menor dúvida é sensacional mas não tanto quanto o segundo single (recém lançado), No You Girls. O refrão dessa segunda repete “não vocês garotas nunca sabem como fazem um garoto se sentir” entre versos quase eróticos, se misturando à outras insinuações inconfundíveis nas animadas Twilight Omens, Bite Hard, What She Came For e Lucid Dreams, além da baladinha Katherine Kiss Me. E quem comprou a edição especial (infelizmente não lançada no Brasil), recebeu junto o CD Blood, uma espécie de Lado-B mais pop e mais dançante com dubs que subvertem as versões originais das músicas, com títulos sugestivos como Die On The Floor e Katherine Hit Me.

Renovando a Bossa
Tom Jobim deve estar satisfeito, onde quer que ele esteja. Foi lançado há alguns dias o último álbum da cantora canadense Diana Krall. Quiet Nights (Verve) é uma bela declaração do antigo amor que a moça sente pelo Brasil, em particular pela Bossa Nova. O álbum foi batizado com o título em inglês de Corcovado, de Tom Jobim e essa é uma das três músicas do maestro que Krall regravou nesse novo trabalho. E uma delas, acreditem, formosamente interpretada em um português muito razoável (Este Seu Olhar). Entre as outras faixas estão músicas de Marcos Valle (So Nice - “Samba de Verão”) e Cole Porter (Everytime We Say Goodbye). Durante os 55 minutos de música, Krall recria aquele nostálgico ambiente “Rio de Janeiro dos anos 50”, tão exaltado por aqui no ano passado, de forma tão intensa que o CD poderia até se misturar às comemorações dos 50 anos de Bossa Nova.
É possível que alguns adoradores de música antiga ou críticos mais puristas considerem Quiet Nights algum tipo de sacrilégio imperdoável, no entanto é interessante ver como o mundo voltou a olhar com respeito para um dos mais brasileiros estilos musicais (sim, considero a Bossa Nova muito brasileira apesar daqueles que insistem que é apenas uma cópia pobre do jazz da época). Para aqueles que querem simplesmente apreciar a boa música, no entanto, o disco será altamente satisfatório. Sempre vale a pena dedicar alguns minutos à suave voz de uma bela cantora.
