quarta-feira, 11 de novembro de 2009

CORREDOR MUSICAL: É De Vinil!

Fossem apenas as grandes capas que engrandecem as artes gráficas, muitas vezes, bem trabalhadas demais para serem reduzidas aos poucos centímetros da caixa do CD; fosse apenas o romantismo em torno do assunto; fosse apenas o resgate do passado, o Vinil seria não muito mais do que uma nostalgia cool. O primeiro disco que ouvi, há poucas semanas atrás, era de um quarteto bem bacana da década de 60. Na capa, os quatro andavam simetricamente sobre a faixa branca de uma rua na Inglaterra. Talvez vocês até conheçam.



Quando as primeiras notas do baixo começaram a soar, marcadas por um sussurro inconfundível, eu vi que o buraco era mais embaixo. Alguma coisa naquela gravação de Come Together, que eu já havia ouvido centenas de vezes, em outros diferentes formatos, era completamente diferente. Para me certificar, comparei com as potentes caixas acopladas ao meu computador, e o Paul McCartney digital, coitado, soou muito tímido comparado à sua versão analógica.


A sensação quando se ouve o vinil é de que é uma reprodução muito mais fiel ao que a banda estaria tocando ao vivo. Várias pessoas já haviam me dito isso, mas é algo que, de fato, só se entende ouvindo. Meus amigos céticos duvidam, muito seguros, da superioridade na qualidade sonora do vinil. "Se lançaram o CD, é porque é melhor. A tecnologia evolui. O vinil é uma tecnologia ultrapassada, como que vai ser melhor que o CD? Como vai ser melhor que o iPod?"

A diferença básica é a seguinte: o Cd é uma mídia digital, e o Vinil, analógica. Na gravação de um disco de vinil, toda a informação é gravada, enquanto na mídia digital, a informação digitalizada em 0's e 1's não pode conter toda essa informação porque se o fizesse cada CD levaria meia dúzia de minutos de música. Assim sendo, o que é feita é uma amostragem digital, isto é, selecionam uma amplitude determinada (no caso do CD, 44 ou 48 kHz) e é só isso que vai para o CD. Todo o resto é cortado. Todo o resto. Quando se ouve um bom vinil, ouve-se tudo o que a banda gravou. Tudo o que eles ou elas queriam que nós ouvíssemos. A grande vantagem do CD é ter eliminado os ruídos, os estalos, mas quando o disco está bem conservando, esses são praticamente imperceptíveis.


O Vinil resgata, além de tudo, o hábito de parar para escutar, de fato, a música. Teimoso, faz você ter que virá-lo após a quarta música. Porque ele está ali para ser ouvido, não é o plano de fundo, não foi feito para se escutar escovando os dentes, pegando o ônibus. O Vinil quer ser ouvido. E não é a toa que grandes bandas atuais estão lançando todos os seus discos nesse formato. Radiohead, The Strokes, The Killeres, Coldplay, Arctic Monkeys, Franz Fernidand, Pearl Jam, Beirut, Los Hermanos (maldita edição limitada) e outros dessa turma. Eu aconselho a comprá-los pela internet, cada um fica em torno de 50 reais.

Eu tô dizendo: o Vinil quer ser ouvido.
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