Umberto Eco, em uma de suas grandes obras, O Nome da Rosa, disse que “nós vivemos para os livros”. É claro que no início dessa vida, o apetite pelas palavras ainda é limitado e por isso, é alimentado por outras pessoas, que acabam sugerindo os primeiros passos. Porém, depois dessa fase, quando se começa a tomar gosto pela escolha, o ato da leitura se torna cada vez mais interessante, a imaginação, estimulada, e a vontade de descobrir outros universos através das páginas dos livros acaba por mover a literatura infanto-juvenil para um caminho que busque ao mesmo tempo instigar e saciar esse processo de desenvolvimento.
O grupo formado por Miguel, Calú, Crânio, Chumbinho e Magrí marcou os jovens das décadas de 80 e 90 na série “os Karas” de Pedro Bandeira. Os adolescentes do colégio Elite desvendavam crimes, tinham reuniões secretas, códigos próprios e se lançavam em aventuras que envolviam crimes, sequestros e mortes que acabavam interferindo em suas vidas. Interessante destacar que todos os 5 livros da coleção sempre buscaram um pano de fundo que se conectasse com um ideal maior ou uma lição para o leitor, sem deixar de aproveitar as habilidades bem marcadas de cada personagem.
Com uma estrutura baseada em um mundo fantástico, “Harry Potter” chegou às livrarias no final da década de 90 para iniciar uma grande fase para jovens leitores. Não à toa, a escritora britânica J. K. Rowling se tornou a mulher mais rica na história da literatura dando vida a um universo mágico que acompanhou uma geração por cerca de 10 anos. A evolução da história seguiu amadurecendo junto com seu público, sendo responsável por grande parte do interesse deste por livros em geral.
Mais ou menos no mesmo período, “A Sétima Torre”, coleção do australiano Garth Nix, surgiu com uma abordagem mais elaborada e tratando noções mais aprofundadas sobre sociedade, com um viés fantasioso e delicado, presente também na série de livros-romance do irlandês Clives Staples Lewis em “As Crônicas de Nárnia”. Com um tom mais engraçado e voltado para as meninas que buscavam seu lado princesa, a norte americana Meg Cabot com “O Diário da Princesa” deu a essa fase “pré-adolescente” um canal de comunicação feminino diferente e divertido.
Reafirmando Eco, a criação literária para esse público só faz introduzir as primeiras páginas da vida. Para quem não se sente à vontade para ler, também é uma grande oportunidade tentar mergulhar nestas histórias que sabem prender a atenção e conquistar pela sua simplicidade.Boas leituras.