Este filme franco-canadense, ganhador do oscar como melhor filme estrangeiro em 2004, faz a gente pensar sobre nossas ideologias, principalmente em um mundo após o 11 de setembro. O confronto de ideologias está em uma das relações mais fortes e profundas do amor,a de um pai para o filho. Eles se amam, mas tem filosofias de vida diferentes, e esta é a origem de tantas brigas, mesmo o Rémy (o pai, interpretado por Rémy Girard) tendo uma doença terminal.
A história de fundo é bem simples: Sébastien (Stéphane Rousseau) é um milionário que trabalha em uma operadora de finanças em Londres, e quer deixar os últimos dias da vida de seu pai mais confortáveis. Durante o filme, algumas imagens impressionam: Pacientes nos corredores do hospital é uma delas. A película também passa o quanto pode ser grande o valor que damos as amizades, ainda mais quando a saúde está debilitada. O filme ainda questiona valores éticos: como uso de drogas ilícitas, a eutanásia, a globalização, etc.
A atuação é primorosa, a direção é fantástica, a fotografia é excepcional. Tudo no filme é perfeccionista, estudado e trabalhado. Ele só decepciona aqueles que procuram uma película apenas como uma forma de entretenimento rápida, que podem considerar o filme “chato” por ele usar cenas longas e poucas músicas. Mas é perfeito para aqueles que gostam de pensar, acompanhar uma boa história, e terminar o filme questionando filosofias de vida.
Um ponto interessante é que esta obra cinematográfica consegue ser absurdamente triste, mas sem apelar para violinos, e nem para a expressão do rosto das personagens de forma exagerada. O diretor expressa tudo com uma “sobriedade” incrível, ele é sentimental, sem ser sentimentaloide.
Invasões Bárbaras é a síntese de tudo que pode ser um bom filme: A produção foi extremamente perfeccionista nos mínimos detalhes, além de ser aquele tipo que o espectador terminará o filme pensando na vida de forma diferente, trazendo alguma mensagem para aquele que assiste. Ele é triste, mas sem ser sentimentalóide. Ninguém que assistir a este filme deverá ter vergonha de dizer que chorou. Quem procura um filme que não acabe em suas duas horas de duração, está no caminho certo, mas quem procura apenas entretenimento, deve procurar outro filme.
