"Ninguém Pode Saber" é um filme que marca pela sua experiência visual, aqui você não encontrará uma grande trilha sonora, nem uma fotografia linda, nem uma grande variedade de cenários. Este filme te prende justamente pela simplicidade, o diretor não quis colocar "cenas chocantes", ele faz o espectador concluir o que aconteceu através das falas e dos atos das personagens, ou seja, você VÊ as cenas, e tem que concluir o que ela quis dizer.
Baseado em uma história real, o filme é todo triste, desde os seus primeiros 10 minutos, chegando ao clímax no final. A premissa é muito simples: Uma mãe com quatro filhos de pais diferentes se muda para um apartamento, onde apenas o filho mais velho é apresentado para o sindico, já que este não permite crianças no prédio. Então a mãe leva escondido as outras três crianças, e depois de alguns dias ela desaparece, deixando os quatro abandonados no apartamento.
O filme tem o título "NINGUÉM PODE SABER", mas com certeza deveria ser "Ninguém QUER saber", já que todas as pessoas que estão próximas sabem de tudo que acontece naquela casa, sabem de todas as dificuldades que as crianças estão enfrentando, mas preferem fingir que não sabem. O diretor nos leva questionar: “O sindico não sabia de nada?” ou então “O vendedor da esquina não sabia?”, o filme nos leva a crer que todos sabiam de tudo, mas que ignoravam pelo simples fato de não querer trazer problemas para si mesmo.
Evidente que sempre tem aquelas pessoas com algum senso “humanitário” que acabam ajudando as crianças, mostrando que não é preciso gestos enormes para ajudar. Apenas uma amizade é o suficiente para aqueles que estão passando por um momento difícil. A grande mensagem que o filme traz é “Não feche os olhos para o que está acontecendo”.
É um filme muito bem dirigido, Kore-eda fez um trabalho genial, além de ter sido ele o autor e o roteirista do filme. Ele foi muito inteligente em suas escolhas, e soube transmitir com perfeição todo o drama, sem apelar pra músicas ou cenas chocantes.
