Numa mistura de O Segredo de Brokeback Mountain com Prenda-me Se For Capaz, O Golpista do Ano conta a história real de Steven Russel (Jim Carrey), um policial bem casado que após um acidente resolve assumir sua homossexualidade. Para viver no mundo gay, Russell vira um picareta, capaz de qualquer ato ilegal para conseguir dinheiro fácil. Em uma das prisões de Russell, ele conhece o Phillip Morris do título - brilhantemente interpretado por Ewan McGregor que, sempre que aparece, rouba a cena. Russell e Morris se apaixonam e essa relação vira uma história de amor e falcatruas com situações dramáticas, mas também divertidas.
Apresentado no Festival de Cannes 2009, "O Golpista do Ano" é a estréia de Glenn Ficarra e John Requa na direção. Roteiristas por natureza, os dois são conhecidos pelas parcerias na escrita de filmes bem ruinzinhos, como Cães e Gatos e Papai Noel às Avessas. Aliás, pior do que os filmes são os títulos, e com o último não foi diferente. Baseado em fatos reais, I Love You Phillip Morrisé homônimo ao livro de memórias de Steve McVicker, que ganha o nome de Steven Russel para virar o personagem principal. O longa ganhou seu primeiro nome em português em novembro do ano passado, quando passou por aqui pelo evento Vale Open Air. Traduzido ao pé da letra como Eu Te Amo Phillip Morris, até que me agradou. Agora, O Golpista do Ano?! Faz o filme descer muitos níveis, integrar o grupo dos ‘da pesada’ ou ‘do barulho’ e assim, receber um estereótipo caricato de Sessão da Tarde! Patético. Enfim, assuntos mercadologicos.
Para além do argumento e das interpretações, poucos aspectos me parecem dignos de nota. Mas a verdade é que o filme cumpre os seus objetivos, conta uma historia bem contada e deixa-nos a pensar sobre ela. E esse talvez seja o seu maior trunfo, a narrativa. É uma obra polêmica, que banaliza a homossexualidade e usa o humor como fio condutor para narrar uma história profundamente trágica. Sem qualquer pudor em caricaturar o lado mais estranho da homossexualidade aos olhos dos heterossexuais, esta é no fundo uma história de amor de um homem que se recusa a aceitar as limitações que a vida lhe impõe, e usa de todos os meios para subvertê-las.
Sem falar nele, Jim Carrey. Sua versatilidade assusta ao interpretar convincentemente todas as metamorfoses de um personagem tão singular, desde o seu tempo de polícia casado e pai, até ao sofisticado diretor financeiro, ou doente aidético terminal. Tem gente por aí que o acusa de caricato, exagerado, ‘over’ demais. E é! Para seus fãs, o papel é um prato cheio. No melhor estilo O Mentiroso de ser. E Rodrigo Santoro? Está lá, em quatro cenas e aparece como terceiro nome no crédito. Seu personagem acaba perdido no meio do filme, ressurgindo já no final meio sem propósito só para sabermos que fim ele levou. Bem medíocre. Mas é só um detalhe. No todo, o filme vale à pena.
