O velho Santiago tinha muito com o que se preocupar.
Havia mais de 80 dias que não pescava sequer um peixe. Para um pescador profissional, o fato era mais do que uma angústia, era uma afronta. Não poderia mias esperar que crescesse a sua volta a fama de azarado. Iria ao mar e voltaria com a sua honra.
No romance de Ernest Hemingway tem-se logo no título os dois principais elementos da narrativa, o personagem e o ambiente. Cabe ao leitor começar a imaginar o que irá encontrar nesta imensa lacuna proposta pelo autor. “O Velho e o Mar” conta a história do pescador Santiago que resolve encarar sua falta de sorte com os peixes e se deixar levar em uma pescaria sem data de volta. Confiante de sua experiência, sua habilidade e seu conhecimento, parte sozinho em seu barco pelo mar aberto de Havana com a certeza de só voltar quando tiver com seu objetivo cumprido.
O livro concentra grande parte de sua emoção no momento em que o velho se depara com o seu maior desafio. Depois de muitos dias em alto mar sem nenhum sinal de boa pesca, sente fisgar o maior peixe que já tinha visto. Até esse momento, o leitor se sente angustiado junto com o personagem, em uma viagem literal aparentemente cansativa e sem clímax. Neste instante, o mar dá o seu primeiro golpe, mostrando a Santiago a batalha que teria que enfrentar. O espadarte resistiria até o fim, enquanto o pescador tiraria força do seu orgulho para não deixar que ele escapasse do anzol.
O confronto que antes era predominantemente de resistência com o ambiente e o próprio corpo, ganha mais um personagem. A grandiosidade do peixe faz com que o velho supere seus limites e constate que esse é um adversário à altura. Matá-lo seria a sua meta, mesmo que isso lhe custasse a própria vida. Após cravar o arpão, vê-lo imponente no mar deixa Santiago atordoado: Começava a ter pelo animal uma grande admiração, algo como um reconhecimento por saber manter aquela luta de igual para igual. Na água e no barco, as forças eram medidas.
Mais do que uma história de pescaria, Hemingway traça um duelo psicológico que culmina na aceitação do inevitável e na grandeza que reside na perseverança do ser humano. Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1954, dois anos após a publicação, “O Velho e o Mar” deixa o desfecho nas entrelinhas. Se o fim é uma derrota ou uma vitória, cabe ao leitor decidir.
Nota: O romance foi adaptado para o cinema em 1958 pelo diretor John Sturges, com Spencer Tracy no papel de Santiago.
O Velho e O Mar
Autor: Ernest Hemingway
Gênero: Romance Americano
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 128
ISBN: 85-286-0759-3
Preço Sugerido: R$ 31,00
