Estreou ontem o surpreendente documentário protagonizado por Caetano Veloso e dirigido por Fernando Grostein Andrade. “Coração Vagabundo” foi filmado durante as turnês de divulgação do álbum A Foreign Sound, em 2003, nos EUA e Japão. Pensado inicialmente como material extra de um DVD de Caetano que acabou nunca sendo lançado, o filme acabou ganhado vida própria com a desistência. E com o apoio de Paula Lavigne e Raul Dória, que comandaram a produção.

Da mesma maneira que o filme fugiu completamente do típico documentário de turnê, também conseguiu não ser só mais uma enorme entrevista com Caetano, que, como sempre, fala com desenvoltura sobre todos os assuntos. Outro clichê que foi evitado foi o do filme biográfico. Apesar do ponto de partida do doc ser o famoso evento no qual Caetano e Os Mutantes foram calorosamente vaiados ao apresentar É Proibido Proibir em um festival, as origens do músico, no interior da Bahia, e outros acontecimentos em sua extensa carreira são citados apenas em raríssimas ocasiões, e sempre puxadas por um outro tema.
O foco principal também não fica nas canções ou nos shows, mas sim nos bastidores, levando inclusive a um comentário de Caetano sobre suas muitas trocas de roupa, algumas delas na na frente da câmera. Também vale a pena destacar as participações bastante especiais de três fãs ilustres: o músico David Byrne, que se empolga por fazer um dueto com o brasileiro no Carnegie Hall, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, que dirigiu Caetano em “Fale Com Ela”, e o cineasta italiano Michelangelo Antonioni, que se emocionou ao rever um plano-sequência de “Profissão: Repórter”.

Durante cerca de 60 minutos, “Coração Vagabundo” diverte e emociona, mostrando, entre devaneios e momentos íntimos de Caetano, algumas cenas cômicas com sua (até então) esposa, Paula Lavigne, e depoimentos orgulhosos sobre sua família.

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