Já é comum assistirmos a adaptações cinematográficas das histórias de grupos revolucionários por todo o mundo, desde contos idealizados sobre Che Guevara e a Revolução Cubana até enredos factuais sobre grupos terroristas. De um modo geral, esses filmes sempre acabam parecendo ligeiramente (ou completamente) tendenciosos, defendendo claramente um ponto de vista. Infelizmente, os filmes “baseados em fatos reais” que se apropriam de uma linguagem quase documental se tronaram raridades. É aí que entra “O Grupo Baader Meinhof” (Der Baader Meinhof Komplex, Alemanha, 2008), que estreia no Brasil na próxima sexta-feira, 24 de julho.

Adaptado do livro homônimo, o roteiro foi construído a partir de documentos, filmagens, anotações e gravações para contar a história do grupo extremista Rote Armee Fraktion (Facção Exército Vermelho), o RAF, que na década de 1970 organizou diversos protestos esquerdistas na Alemanha. Apesar da origem pacifista, as ações do grupo se tornaram cada vez mais violentas fazendo com que fossem classificados como uma organização terrorista. Por incrível que pareça, ao longo de seus 150 minutos, “O Grupo Baader Meinhof” divide as atenções do público entre os argumentos “revolucionários” e a reação do governo alemão, sem eleger uma verdade absoluta, mas sim mostrando que ambos estavam errados em suas estratégias de combate.

O filme começa em 1967, quando um protesto estudantil durante a visita do xá do Irã a Berlim é reprimida com ações violentas. A partir disso, são mostradas diversas situações de repressão, construindo a evolução dos combates. O grupo do título começa a surgir quando, em 1970, a jornalista Ulrike Meinhof, simpatizante das causas revolucionárias, ajuda na fuga de um dos fundadores da RAF, Andreas Baader, que havia sido preso em um desses protestos. Depois do acontecido, todos fogem do país e passam algum tempo em um campo palestino de treinamento de guerrilha, antes de retornarem para “recrutar” novos membros.
Do outro lago da guerra, Bruno Ganz (que interpretou Hitler em “A Queda”) vive Horst Herold, chefe da equipe anti-terrorista do governo alemão, que parece ser o único a compreender não só os motivos dos protestos como também a estrutura do grupo, agindo para sufocar as ações e intenções da RAF até que o grupo se destruísse por dentro. Para os que conhecem outros trabalhos do ator, é desnecessário falar que, mais uma vez, a atuação dele está impecável.

Partindo do princípio de que não existe perfeição, as pequenas falhas na realização (que certamente não serão percebidas pela grande maioria do público) são compensadas pela boa estrutura narrativa, fotografia e montagem cuidadosas e boa escolha do elenco e da trilha sonora. Todos os elementos contribuem para a criação de um grande filme (em todos os sentidos, considerando suas mais de duas horas de duração). “O Grupo Baader Meinhof” foi indicado a três prêmios de Melhor Filme Estrangeiro (Oscar, Bafta e Globo de Ouro) e a outros seis prêmios (tendo ganho dois deles, nos festivais Camerimage e Bavarian Film Awards).

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