domingo, 26 de julho de 2009

Banditismo Cheio de Charme

Em meio ao sofrimento com as recentes consequencias da Crise de 1929 nos Estados Unidos, a década de 1930 chega com uma incipiente tentativa de recuperação econômica e reestruturação social. Em um momento no qual as pessoas começam a sentir na perda financeira a falta de um representante ou alguém a quem admirar, o glorioso poder do crime, representado em "Inimigos Públicos" (Public Enemies, EUA, 2009) pelo personagem de Johnny Depp (John Dillinger), preenche o imaginário da sociedade com inconfundível carisma. Mas, se por um lado Depp age com peculiar maestria de quem sabe o que faz, o conjunto da obra ainda deixa pontas soltas.

Como personificação da revolta em um país abalado e carente de figuras emblemáticas, o protagonista é a típica figura masculina dos filmes de gânster: conquistadora e curiosamente simpática. Preocupado com seus comparsas, influente, galante desde o chapéu com sobretudo até o olhar, Dillinger chama atenção do início ao fim, puxando o espectador em sua defesa e alterando (e não prejudicando, que fique bem claro) o equilíbrio do longa. Uma vez considerado inimigo público número um do Estado, com a iniciante formação policial que viria a formar o FBI em seu encalço, seu amor pela jovem e simples Billie (Marion Cotillard) condecora sua imagem humanística com um tom romântico e, ao final, piegas demais.

Do lado da lei, Melvis Purvis (Christian Bale) recebe a tarefa de caçar o criminoso a qualquer preço. Sua frieza, aliada à sua vontade de mostrar competência, foram muito bem traçados no personagem e acertados em Bale. Como representante do outro pólo “bandido x mocinho”, é uma figura com menos enfoque mas não menos representativa, destacada em momentos como no qual tira Billie (Marion Cotillard) de uma sessão de tortura carregando-a nos braços. Em um embate cara a cara, separados pelas grades da prisão, Dillinger e Purvis reafirmam que são competidores à altura.
public-enemies
Diferentemente deles, os personagens secundários são mal delimitados, confusos e, em conjunto com a barulheira de estampidos, tiros exagerados e muito sangue, incomodam no quesito unidade. As cenas muito escuras ferem a acuidade visual de quem for mais sensível à fotografia, os closes exagerados cansam e a câmera na mão não encontra espaço em uma trama que pede transparência. Com a união de pequenos ruídos, a obra como um todo deixa a desejar e culmina em um filme que chama atenção apenas pela charmosa arte, por Depp e Bale.
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