Poesia. Arte. Convergência. O que é a poesia senão a beleza do abstrato podendo ser expressa em palavras?
Décio Pignatari
Materializada e visualizada, a poesia toma forma nos poemas. Cuidadosamente metrificados e rimados, ou simplesmente transgressores e abusados, fazem aflorar o que há de mais encantador na linguagem escrita. Uma “simples” (ou sofisticada?) construção de sonoridade, semântica, sintaxe e sentimentalismo. Nada é sem querer em um texto. Principalmente quando este compreende o gênero lírico.
O poeta, artista de habilidade e sensibilidade, tem nas mãos o poder da construção. E essa união, que pode envolver horas de dedicação ou alguns minutos dadaístas, não é à toa ou pra qualquer um. A catarse, elemento final, deve acontecer com o leitor como uma epifania. Ou simplesmente como um toque sensível de subjetividade. Deve ser sutil e ao mesmo tempo intensa. Deve provocar a cada verso o encantamento.
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa
Um especial agradecimento aos escritores que se permitiram viajar, mergulhar e se entregar ao estado de espírito que é a poesia; aos cantos que exaltaram o nacionalismo, às dores que definharam de amor, às inflamações desconstrutivas, às paixões platônicas, às crises existenciais… E que cada pessoa capaz de sentir que o lirismo faz parte de si, não negue nunca a arte de ser criador.
* Dia 14 de março foi Dia Nacional da Poesia.