O novo trabalho de Paulo Halm, que estreia assinando pela primeira vez seu nome como diretor, chega aos cinemas desnudando toda e qualquer roupagem romântica que o título possa transparecer. O que o público encontrará em “Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos” é toda uma mistura de sentimentos convergindo em uma ideia que passa longe da famigerada inflamação dos corações apaixonados. Com muitos corpos nus, questionamentos existencialistas e um humor ácido repleto de palavrões e referências culturais, o filme chama a atenção por sua ousadia sem cair no exagero.
Zeca (Caio Blat) e Julia (Maria Ribeiro) vivem um relacionamento desproporcional porém aparentemente estável. Ele, às voltas com um romance inacabado, é encantado pelo corpo da mulher, acomodado em sua condição de fracassado e encontra-se sempre mergulhado em pensamentos e filosofias baratas. Ela, decidida e independente, pensa no seu futuro sem se preocupar verdadeiramente com os problemas do marido. Neste contexto, um rosto feminino se encarrega de criar o clímax: Carol (Luz Cipriota), aluna de Julia, aparece para Zeca como uma adversária e, ao mesmo tempo, um objeto de desejo.
Dona de um texto provocativo, a trama busca passar para o espectador um pouco do ridículo estereótipo existencialista em um personagem que acredita viver a tragicidade do lirismo romântico em plena contemporaneidade. Os cigarros, o álcool, a lascividade, os questionamentos e a comodidade de afundar no conformismo são os elementos que se aliam à graça de um deboche bem feito. Não menos importante, as jogadas inusitadas relativas à sexualidade, acabam por fechar a comicidade da obra e derrubar qualquer imagem de comédia-romântica que a obra pudesse ter.
Halm encontrou tempo para contradizer o conceito de história romântica e deixar no ar sua ode ao trabalho. Em livres interpretações, seu primeiro longa pode ser sua conquista e sua história de amor com o cinema. Noventa minutos mais do que suficientes.
