Quando se descobre que as verdades são mentiras e quando toda a sua esperança morre, então o quê? É essa a pergunta que Larry Gopnik tenta responder no filme “Um Homem Sério” (“A Serious Man”, Estados Unidos, 2009), de Ethan e Joel Coen, que já foi lançado em São Paulo mas somente hoje entra em circuito nacional.
Professor de física, religioso dentro das tradições judaicas, bom marido e pai, Larry Gupnik (Michael Stuhlbarg) é um homem sério. Pelo menos, é isso que ele pensava, antes de sua vida dar uma enorme reviravolta. E ninguém parece se importar: seu filho Danny (Aaron Wolff) continua só se preocupando com seus programas de TV, sua filha Sarah (Jessica McManus) em secar seu cabelo e sua esposa Judith (Sari Lennick) o expulsa de casa. Sem saber a quem mais recorrer, Larry vai ao encontro dos rabinos, que não tem uma resposta melhor do que “deve ser a vontade de Deus”. Frustrado, Larry quer respostas – será tudo azar ou uma maldição?
Os irmãos Coen incluem mais uma obra original em sua filmografia. Baseando-se na própria família dos cineastas, as referências judaicas são inúmeras: o Bar Mitsvah – ritual de passagem da infância para a vida adulta – de Danny, a entediante escola de hebraico, as consultas ao rabino e a sinagoga, ironicamente em formato de caixão. Com diálogos inteligentes, como com o aluno coreano ou com Dick Dutton da loja de discos, a tensão do personagem vai crescendo e é impossível não rir de tanta desgraça.
Isso lembra até o último filme dos dois diretores “Queime Depois de Ler”. Os personagens são excêntricos e, na maioria dos casos, grandes losers. Até a firma de advocacia Tuckman Marsh, do advogado que persegue George Clooney, reaparece para mais um divórcio.
Em resumo, um típico filme dos Coen. Indicado ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original, os irmãos tentam de tudo para que o filme não se transforme num filme profundo e sério.
