Para se fazer um filme de guerra ultimamente é preciso ser original. Para um diretor que consegue ficar entre o mainstream e o underground como Quentin Tarantino, originalidade é pouco. Needless to say: o cara domina a técnica, não tem como negar.

A estrutura narrativa que permeia Pulp Fiction está lá, a divisão em 5 capítulos de Kill Bill, idem. O glorioso tiroteio de Reservoir Dogs não poderia estar mais evidente.

Sim, o Tarantino estava testando a gente, como eu não me toquei antes?! Ele simplesmente percebeu tudo que deu certo em seus outros filmes e refez de uma forma extrema, ambientando no maior acontecimento do século XX. Genial. Mas isso é tema pro Tarantino’s Mind 2.

Tenho que comentar de forma menos generalizada a primeira cena, que é uma das mais bem fotografadas e com diálogos mais bem construídos. A seqüência é longa e a tensão é algo fora do comum. Destaque para a cena da sala de projeção, que é a mais dramática do filme. Embalada por uma belíssima trilha, como em outros momentos, a música se torna um elemento indispensável. A direção de Tarantino explora todos os ângulos, distâncias e movimentos de câmera. Por fim, obviamente, a atuação de Brad Pitt. Ou talvez não, melhor só ficar quieto e aplaudi-lo (novamente). A surpresa é Christoph Waltz roubando a cena. Até então nunca tinha ouvido falar dele, agora já sou fã.

O melhor de tudo é que o filme não passa aquela sensação de clichê patriota. É um filme sobre judeus muito irritados que buscam vingança e alemães sendo ridicularizados do início ao fim. Vingança. Se deu certo no Kill Bill… entendeu? A garganta do Tenente Aldo Raine não tem aquela cicatriz à toa, certo? Pois é, vingança.

Comédia, thriller, noir, o filme é universal, para mim, o melhor do ano. E para uma obra-prima dessas nada melhor do que dizer: “Imperdível!”. Obra prima, ah! Curiosamente, a última fala do filme, que sai da boca do Brad Pitt, que olha para a câmera e diz: “THIS MIGHT BE MY MASTERPIECE.” Alguém duvida que quem ta falando isso pra gente é o esnobe do Tarantino? Tudo bem, é sua obra prima, mas não justifica furar no Festival do Rio. Quero ver é furar o Oscar 2010.

