Sex and the City é um filmuxo (filme miguxo) que atende à classe dos emos que vestem Prada. É uma continuação da série de televisão, onde a escritora pra frentex carente, Carrie Bradshaw, batalha por um final feliz com seu príncipe encantado, o Mr. Big. Tanto o programa da televisão quanto o longa-metragem tematizam o falatório sobre sexo para disfarçar o ideal do amor romântico, de que só existe uma tampa para cada panela. Ou você acha a sua tampa ou você é uma frigideira desprotegida, que espirra gordura ao deus dará. Até a piriguete fálica, Samantha Jones, tem seus desejos imperativos suprimidos pelo namorado no filme (mesmo que circunstancialmente). Estava como sua cadela: domesticada, porém tentando se atracar em todo e qualquer objeto animado ou desanimado.

No entanto, me permitam aqui, discorrer sobre assuntos mais interessantes que os relacionamentos amorosos urbanos contemporâneos . É evidente que o filme aborda, à sua maneira, a contradição pós-moderna dos ideais românticos no mundo do descartável. Por trás do discurso social da liberação sexual e das roupas frondosas, há um vazio existencial evidente nos conflitos infantiloides das quatro amigas descompensadas.

Então vamos falar da curtição maior do filme, a disfunção intestinal de Charlotte. Especialmente porque a atriz Kristin Davis tem a mesma cara de sociopata do MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas) para toda e qualquer situação. O momento activia dela não foi diferente. A inundação fecal conduz à uma rachação de bico generalizada na cena (todos riem, menos a vítima) e, esse ato, marcou a saída de Carrie do luto pós-abandono no altar. Lembrou a deusa grega Deméter, que vagando após o rapto da filha Perséfone pelo deus Hades, disfarça-se de criada e conhece Baubo, uma jovem ama, que para animá-la, levanta a saia e mostra as vergonhas. É a mais pura sinceridade do corpo humano.

As garotas da cidade andam vibrando muita constipação. Se levantassem mais a saia do puritanismo velado e dessem voz aos grandes lábios da lisura de caráter, talvez seus questionamentos fossem mais interessantes. O que a genitália diz, o coração sente.
