Entrou em cartaz no último fim de semana a versão cinematográfica do primeiro episódio da Trilogia do Milênio, de Stieg Larsson. “Os Homens Que Não Amavam As Mulheres” (Män Som Hatar Kvinnor) é uma bela peça do pouco conhecido cinema escandinavo, e traz às telonas brasileiras um belo exemplo de trama envolvente, construída de uma forma essencialmente clássica. O filme curiosamente consegue agregar originalidade e cuidados técnicos magistralmente e de forma industrial (lê-se hollywoodiana).

Toda a motivação para a história surge através da obsessão do milionário Henrik Vanger pelo desaparecimento, 40 anos antes, de sua sobrinha, Harriet, a quem ele estava “treinando” para sucedê-lo na empresa. Essa preferência declarada pela menina despertava a inveja de quase todos os membros da ambiciosa e poderosa família, motivo pelo qual Henrik considera a todos como suspeitos pelo assassinato.

Cansado de receber, a cada ano em seu aniversário, um quadro com uma planta seca, presente que a sobrinha sempre lhe dava, Henrik contrata o jornalista investigativo Mikael Blomkvist, editor da revista Millenium recém condenado por difamação, para tentar desvendar o mistério e encontrar um culpado. Pouco depois, a tatuada hacker Lisbeth Salander, que havia sido contratada para investigar Mikael, se junta a ele nas buscas. Os dois formam um dupla poderosa e, ao longo dos trabalhos, desvendam segredos muito mais profundos do que o desaparecimento de Harriet, contrariando o interesse de muita gente poderosa.

O filme capta a atenção do espectador logo em sua primeira cena e surpreende a plateia diversas vezes até o fim. Apesar de ser apenas o primeiro capítulo da famosa trilogia, o roteiro é bem amarrado e tem um final “to be continued” bastante atraente,porém conclusivo, fugindo de um possível encerramento ao estilo Senhor dos Anéis. Realmente o idioma sueco soa bastante estranho aos nossos ouvidos, mas isso não chega a interferir na experiência cinematográfica. Ouso dizer, ainda, que o remake americano que está sendo produzido é inteiramente desnecessário, e que venham ou outros dois episódios. Em sueco, por favor.
