Imagine encontrar-se diante de um espelho que te prometesse uma viagem ao seu inconsciente. Uma viagem magnífica, próxima dos seus sonhos mais loucos quando, ao final desta, fosse decidido o destino de sua alma. Essa é a história de “O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus” (“The Imaginarium of Doctor Parnassus”, 2009), de Terry Gilliam.
O filme conta a história do Dr. Parnassus (Christopher Plummer) e sua trupe de teatro viajante com um espetáculo que transcende a realidade. Mas o universo mágico de Parnassus lhe custou um preço alto: o aniversário de 16 anos de sua filha, Valentina (Lily Cole), se aproxima e, nesta data, ele deverá entregá-la ao diabo, Mr. Nick (Tom Waits). Como se por acaso, aparece Tony (Heath Ledger), que recebe a incumbência de reunir cinco almas em três dias, senão Valentina será eternamente perdida.

O longa-metragem apareceu pela primeira vez na mídia em janeiro de 2009, quando a morte de Heath Ledger interrompeu as filmagens. Apesar da trágica perda, o diretor conseguiu utilizar as últimas cenas filmadas com Ledger e desenvolveu o personagem de Tony com a ajuda de Johnny Depp, Colin Farrell e Jude Law – que doaram seus cachês para a filha de Ledger, Matilda.

Além da atuação impecável, deve-se salientar a direção de arte surreal e o figurino – ambos levaram indicações ao Oscar – e o roteiro originalíssimo de Terry Gilliam e Charles McKeown, terceira obra da dupla. Eles já haviam trabalhado juntos em “Brazil: O Filme” e “As Aventuras do Barão de Munchhausen”.

É uma mistura do real com o incrível, é um mundo de impossibilidades que se tornam reais no imaginário. Com os elementos mais diversos da fantasia – incluindo até um anão como o fiel escudeiro – a narrativa flui magicamente em cima da tese do filme que diz que não se pode impedir nenhuma história de ser contada.
