Embora tenha passado despercebido por uns,
“Happy Feet” é um filme adorável que cativou platéias. Agora, os Imperiais
estão de volta para fazer mais pessoas caminharem daquele jeito engraçadinho
para o cinema. “Happy Feet 2” tenta revisar alguns conceitos de seu antecessor
além de trazer de volta a sua essência para trazer a experiência máxima da
pingüinlândia. Pode causar algum estranhamento de início, mas as mudanças
trazidas por ele realmente são para a melhor.
De certa forma, não existe nada como “Happy
Feet”. Um filme infantil que consegue tratar de assuntos tão delicados de uma
maneira franca. Ele consegue nos deixar inseguros, frágeis e até perplexos
quando traz a superfície temáticas atuais. Ao mesmo tempo, é um “Glee” do mundo
animal, mesmo antes de existir “Glee”. Dessa vez, as músicas foram freadas para
dar caminho à história. Se você acredita no poder a história, isso é ótimo.
Manu cresceu, agora tem um pengüinzinho. Agora
ele tem que aprender a ser um pai, aparentemente dançar é a única coisa que ele
sabe fazer mesmo, enquanto ainda ajuda os pengüins imperadores a se safar de
uma enrascada quando um iceberg isola eles em sua casa. Existe uma
multiplicidade muito positiva de personagens. Cada um com conflitos bem
definidos que ajudam a levar a trama maior. Ramon ainda está em sua busca por
mulher e Lovelace ainda fala sobre os alienígenas, que felizmente tem um espaço
bem menor dessa vez.
Mas não são só rostos conhecidos que compõe a
trama. O filhote de Manu, chamado Erik, é a coisa mais linda do universo, e até
ele impõe um desafio para o pai, que tem que fazê-lo superar seu sonho de voar
e encontrar a sua vocação. Paralelamente a trama principal há também a aventura
de um duo de krills (parecem camarões pra mim) que se separa do cardume. Mas
essa trama serve muito mais como uma running
gag do que como uma história em si. Mais fácil vê-la como o Scratch, da
“Era do Gelo” do que como o Woody separado do conjunto em “Toy Story”.
A diferença dos gráficos entre o primeiro e o
segundo é discreta. Embora perceptível, ela não demonstra um avanço chocante. Isso
só serve para mostrar como o primeiro já era bem avant garde e como a franquia
tem um ideal estético bem definido. É a realização desse ideal que rouba a cena
no espetáculo gráfico. A constante dicotomia entre o grande e o pequeno nos
deixa boquiabertos com situações indizíveis do reino animal. Isso combinado com
uma concepção de realismo que rege o look
dos cenários e da iluminação compõe o forte do banquete visual que é esse
filme. O 3D também é usado de maneira sutil, como têm sido tendência, e ajuda a
tornar a experiência mais agradável.
“Happy Feet 2” é o que todo o “2” deveria ser:
um shift do primeiro filme. Todos os
aspectos de seu antecessor aqui são melhor explorados. Um filme mais envolvente
e até mais agradável, que consegue atingir dos pequeninos até os grandões. Não
importa o seu lugar na cadeia alimentar, “Happy Feet 2” é pra você.
