Se você já procurou alguma coisa sobre “A Casa
dos Sonhos” na Internet não deve ter encontrado coisa boa. A polêmica entre o
diretor e o estúdio se estendeu até seu lançamento na América. O corte final
não agradou muito o diretor irlandês Jim Sheridan, que queria retirar seu nome
do filme. Agora que ele estreou aqui a gente pode conferir se de fato foi um
fiasco.
Logo pelo inicio o filme parece evocar “Ilha do
Medo” pela sua construção misteriosa da origem do personagem. A neve caindo no
escritório de Daniel Craig logo em seu último dia de trabalho parece dizer
muito sobre seu personagem, mas logo descobrimos que se trata de uma pista
falsa. Um recurso que já carece de originalidade e surpresa, serve apenas para
dar uma reviravolta no midpoint.
Quando a trama se estabelece ela não é nada de
novo, mas a forma com que ela é tratada pode tornar ela interessante. A casa
que o editor comprou com sua mulher Rachel Weisz esconde mais segredos do que
parece. “Grande novidade!” Né? O que há de novo aqui é que o caminho que ele
percorre é mais devagar do que os dos suspenses convencionais. Elementos como a
seita de adolescentes pseudo-satânicos se reunindo no porão constroem
lentamente o suspense. Ele vai se tornando uma coceira insuportável, e até o
clássico mistério dos últimos inquilinos vira algo completamente novo.
A partir da segunda metade o filme muda. Ele toma
um rumo completamente psicológico. A forma que a alucinação domina
completamente o filme dá espaço a uma linguagem mais subjetiva, o que torna ele
quase contemplativo. A escolha pode dar sono a algumas pessoas, mas é uma
pegada até certo ponto original.
Se você quiser apontar um problema, mas um
problema grande mesmo, tem que ser no final. A maneira como o confronto final é
(mal) resolvido, com intenções explicitamente inexplicáveis tornam ele risível.
Parece um esforço de burrice incólume para que o bonzinho saia ileso.
No total, “A Casa dos Sonhos” não é tão ruim.
Ele pode não ter a mesma força dramática que outros filmes do gênero como “Janela
Secreta” ou “Amigo Oculto” possuem. É uma experiência pra lá de mediana, mas não
é de forma alguma ruim. Por mais que o final não mantenha o mesmo nível
estabelecido pelo começo, o sentimento final ainda é mais positivo.
