A morte é sempre é um tema tabu e incomoda a muitos. Evitamos pensar no assunto, queremos ter sempre a sensação de "amortalidade" (diferente de imortalidade), e odiamos pensar que nós, ou quem amamos, um dia não estará mais aqui. Mas e se enxergássemos tudo por um outro ângulo? E se questionássemos qual o real sentido da vida e da morte? Pois é deste tema que A Partida (Departures Japão 2008) trata.
Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki) tem o sonho de ser violocenlista e eventualmente consegue um emprego numa orquestra. Quando as coisas dão errado, ele se vê obrigado a abandonar seu sonho e vai morar na casa que sua mãe deixou de herança e terá de arrumar um novo emprego. Ele consegue um trabalho bem remunerado como agente funerário, onde ele manipulará pessoas mortas. Mesmo com nojo, ele aceita, mas esconde da esposa.
Muitos se emocionarão com este longa metragem e não entenderão o porquê. Não há uso de recursos cinematográficos como música ou melodrama para estimular as lágrimas do espectador, no entanto, elas sairão com mais força do que se as usassem.Talvez seja pelo roteiro simples e inteligente aliada a fantástica direção.
A visão japonesa da morte é muito mais “leve” que a de nós ocidentais. Para muitas religiões é apenas um ritual de passagem entre dois mundos, então porquê se isolar no sofrimento e na depressão? O filme ainda traça um paralelo entre os seres humanos e os vermes que comem os cadáveres dentro do caixão. Afinal, nós também “devoramos corpos mortos” comendo frangos, aves, bois, e outros alimentos nutritivos. Uma metáfora interessante, ainda mais considerando a terra do sol nascente com sua alimentação a base de peixes crus.
A partida é um filme corajoso, em alguns momentos engraçado, e emociona até os corações mais gelados. Ótimo para fazer o espectador refletir sobre o sentido da vida e sobre o que valorizamos. Ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009.
