terça-feira, 11 de outubro de 2011

Por Trás do Humor


NATÁLIA PIRULITA BITTENCOURT


Uma vez eu ouvi essa piada: Um homem vai ao medico, diz que está deprimido, que a vida parece dura e cruel, diz que se sente só num mundo ameaçador. O médico diz: O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade, vá ao show, isso deve animá-lo. O homem começa a chorar. Mas doutor, ele diz, eu sou o Pagliacci. Essa irônia define a trajetoria de Um Homem Engraçado (no original, "Dirch", nome do famoso comediante Dinamarquês em quem o filme se baseia). Um comediante de tamanho sucesso e talento que todos os seus espetáculos rendiam gargalhadas imensuráveis, mas que fora do palco vivia uma constante insegurança que acaba tornando sua vida pessoal num caos repleto de festas, bebida, mulheres, casamentos e separações.


O roteiro do filme é escrito de forma episódica causando alguns problemas na estrutura, falha evidenciada pela edição que se apoia em elipses para fazer passagens de tempo que podem parecer confusas. Em contrapartida, o trabalho de fotografia e arte é louvável e em certos momentos até deslumbrante. A direção de Martin Zandvliet (“Brothers”, o original) é, aliás, um dos pontos fortes do filme e garantiu performances espetaculares do elenco, dando atenção especial ao ator Nikolaj Lie Kaas, que interpreta o personagem principal. Ele parece ter sido feito sob medida para o papel, sabendo exatamente que carga dramática dar a cada cena, indo de um extremo a outro sem exageros ou receios. E seu trabalho de corpo é igualmente excelente.


O filme tem seus momentos mágicos, como a cena em que eles brincam com um sofá dando uma nova perspectiva ao ato de sentar, as cenas passadas no campo e finalmente a cena em que Dirch apresenta sua nova peça e o publico não responde de acordo com o esperado, ali vemos uma fragilidade, que ao longo do filme era colocada de forma sutil, totalmente exposta, realmente emocionante. Ao acompanhar a vida deste fenômeno dinamarquês espere risadas, momentos contemplativos e até quem sabe uma ou duas lagrimas, existe muita manteiga derretida por aí. O filme vale a pena, mesmo que seja só pra admirar talentos notáveis numa tela grande.

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