Carta Para o Futuro (“Carta
Para o Futuro”, Brasil/Alemanha/Portugal, 2011) é um documentário diferente.
Fugindo das tradicionais leituras históricas da Revolução Cubana, o filme
acompanha diversas famílias na ilha e o modo como elas vêem suas vidas em meio
a tudo que a revolução trouxe.
O mais impressionante na direção de Renato Martins é a quase
serenidade com que a revolução é abordada. Sem propagandas ou ataques ao
comunismo, ele mostra que isto foi “apenas” um fato histórico que, sim, marcou
a vida de todos que moram em Cuba, mas sem estereótipos de guerrilha desnecessários
e hollywoodianos.
Outro fator interessante é que as famílias têm uma vida com
problemas parecidos com os de qualquer família em um país pobre do mundo. Falta
de água, de comida, poucas perspectivas de futuro são encontradas lá, mas
também aqui no Brasil ou na África. Isso leva o espectador a não só a entender os
personagens, mas também a se reconhecer neles.
Mas talvez a maior surpresa do filme seja o espírito
revolucionário de Diego, de dez anos. Influenciado pelo bisavô e pela avó, o
menino mostra um conhecimento impressionante sobre a revolução e, apesar da
pouca idade, um desejo de seguir mudando o país onde vive. Um sentimento que
pouco se vê hoje em dia e que faz uma tremenda falta.
