quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Palidez, Escuro e Cor-de-Rosa Balé [Festival do Rio]



A partir de uma trama contrastante, a diretora Roberta Marques usa a dança para dar vazão aos sonhos em “Rânia” (Brasil, 2010). Com uma produção modesta, o filme consegue ter picos de emoção e graça.


A história nos apresenta uma menina de 16 anos que mora no morro de Santa Terezinha, em Fortaleza. Perdida com a própria vida, Rânia (Graziela Felix) encontra seu momento de libertação quando dança. Sempre acompanhada por sua amiga mais velha, Zizi (Natalu Rocha), passa a trabalhar na boate "Sereia da Noite", lugar de danças eróticas e orgia. No momento de maior instabilidade e revolta, a vida da menina parece poder mudar quando a bem sucedida coreografa Estela (Mariana Lima) assiste uma de suas aluas de dança e se interessa por Rânia.


O longa tem um ótimo cenário natural e aproveita algumas possibilidades para explorar ângulos. A fotografia pálida reflete um pouco da própria vida da personagem tema. A narrativa tem ritmo morno e problemas como a captação de áudio incomodam. Graziela consegue ganhar alguns pontos para o filme, atuando com desenvoltura e força, o que chega a ser uma surpresa. O longa impõe algo quanto a sensualidade, mas também consegue criar poesia nos momentos certos. As cenas de dança encantam e devem ser observadas a parte. A forma natural com que a sexualidade da menina é levada faz o assunto passar quase despercebido, mas afeta o suficiente para incomodar pela própria lacuna incomum.


“Rânia” é um filme bem definido em estilo, mas ondulante entre prós e contras. Mesmo buscando algumas boas reflexões, não despensa um público mais massivo. É uma obra para ser admirada, porém por fragmentos.

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