Duas coisas me impressionaram nesse Festival do
Rio: (1) a quantidade de filmes com alguma relação com luta livre, (2) o número
de ficções baseadas em casos verídicos. “Entre Segredos e Mentiras” segue nessa
linha, mas constrói um suspense que promete muito. Uma pena que não cumpre.
A primeira referência que vem à sua cabeça é
óbvia: Hitchcock. E, de fato, quando o filme começa com um depoimento do Ryan
Gosling, é evidente que ele quer evocar alguma coisa de psicológica bem comum
no mestre do suspense. Com o andar da narrativa em flashback é fácil de ver que
tem alguma coisa errada com o rapaz. O decorrer de seu casamento, o trabalho
com o pai, e finalmente a acusação de assassinato são bem pontuados pelos
surtos psicóticos. O filme realmente sucede em criar a dubialidade do garoto. O
filme também planta diversas referências a Alfred Hitchcock, como por exemplo a
cena na quadra de tênis que é uma homenagem a “Pacto Sinistro”. E se você
discorda disso, uma referência que você não pode negar é o sintagma misterioso.
Porém, é uma verdade comum que, quando você
cria um suspense, a recompensa que recebemos tem que ser a altura do suspense
gerado. E nisso “Entre Segredos e Mentiras” falha pífiamente. O filme tenta se
manter pelo suspense até o ponto que fica chato, com situações repetitivas de
violência doméstica. Quando ele finalmente revela os mistérios do assassinato
eles já não são mais tão interessantes. Você vai se perguntar “E daí?” mais do
que freqüentemente na segunda metade do filme. Infelizmente, apesar de um
começo excelente, um caso crônico de não prometer o que cumpre acaba internando
essa obra.