
O filme, do ainda pouco conhecido diretor argentino Marcelo Charras, é uma típica produção independente, que não tem medo de arriscar. “Maytland”(Argentina, 2010) mistura cenas leves de sexo explícito com um drama bem elaborado que aborda temas como velhice e família. O longa sai da estrutura comercial e consegue agradar.
O filme nos trás uma trama baseada em fatos reais, tendo como personagem principal Víctor Maytland, o diretor de filmes pornô, que interpreta a si mesmo. Após anos de sucesso, o produtor de Maytland decide parar de financiar seus filmes, que buscavam sempre abordagens críticas e boa narrativa apenas acompanhada de realidade sexual explícita. Inconformado, ele decide apostar suas últimas forças na obra mais ambiciosa de sua carreira. Baseado em suas experiências como militante político, o diretor busca fazer um pornô ambientado em campos de concentração da ditadura militar argentina. Com a ajuda de seu filho e atores de confiança, Víctor tenta encerrar a carreira com louvor, mas as coisas não são tão simples como antes.
Apesar de alguns problemas de iluminação e foco, o longa consegue divertir e deixar sua mensagem. A fotografia é acinzentada, opaca, algo que pode ser questionado quanto ao estilo. As abordagens gerais do longa, sem censuras ou prevenções, levam a produção para um caminho mais abrangente, fugindo de estilos convencionais e quebrando tabus.
“Maytland” é uma ótima pedida para quem gosta de se aventurar pelo cinema desprovido de fronteiras comerciais. Em uma batida serena, calma e realista, o longa prende, mesmo ignorando fórmulas padrão.
