
Com uma frieza impressionante, o documentário Como Morrer em Oregon (“How to Die in
Oregon”, Estados Unidos, 2011) é chocante desde a primeira cena. Sem
pestanejar, ele já entra de cara no assunto: a polêmica lei do suicídio assistido
para doentes terminais no estado de Oregon. Na cena, um senhor toma uma dose
letal de Seconal, morre diante das câmeras e, em menos de dois minutos, o
espectador já mal consegue sem mexer e está fisgado.
O diretor Peter D. Richardson às vezes trata o assunto como
se falasse de frutas. Não parece que aquele senhor de oitenta anos está indo na
farmácia comprar o remédio que o fará morrer, mas como se fosse à feira comprar
maçãs. O filme, portanto, não exagera no drama, mas é extremamente chocante a
maneira fria e “normal” com que as pessoas tratam o assunto.
As expressões um tanto quanto assustadas das pessoas na sala
de cinema representam bem o espírito do filme. Ver uma mulher de cinqüenta anos
decidir calmamente que é melhor morrer com dignidade e fazer isso na frente dos
filhos e do marido é algo inimaginável. E quando se vê isso na tela, a situação
inimaginável ganha vida e o espectador se vê aos prantos.
O documentário cumpre seu objetivo. Apresenta a história e
defende seu ponto de vista. Mas, com um assunto tão polêmico, é difícil dizer
se as pessoas gostarão do filme. Aos prantos, eles provavelmente mal saberão o
que dizer ao fim da sessão.
