quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A Morte Nunca Foi Tão Chocante [Festival do Rio]




Com uma frieza impressionante, o documentário Como Morrer em Oregon (“How to Die in Oregon”, Estados Unidos, 2011) é chocante desde a primeira cena. Sem pestanejar, ele já entra de cara no assunto: a polêmica lei do suicídio assistido para doentes terminais no estado de Oregon. Na cena, um senhor toma uma dose letal de Seconal, morre diante das câmeras e, em menos de dois minutos, o espectador já mal consegue sem mexer e está fisgado.


O diretor Peter D. Richardson às vezes trata o assunto como se falasse de frutas. Não parece que aquele senhor de oitenta anos está indo na farmácia comprar o remédio que o fará morrer, mas como se fosse à feira comprar maçãs. O filme, portanto, não exagera no drama, mas é extremamente chocante a maneira fria e “normal” com que as pessoas tratam o assunto.


As expressões um tanto quanto assustadas das pessoas na sala de cinema representam bem o espírito do filme. Ver uma mulher de cinqüenta anos decidir calmamente que é melhor morrer com dignidade e fazer isso na frente dos filhos e do marido é algo inimaginável. E quando se vê isso na tela, a situação inimaginável ganha vida e o espectador se vê aos prantos.


O documentário cumpre seu objetivo. Apresenta a história e defende seu ponto de vista. Mas, com um assunto tão polêmico, é difícil dizer se as pessoas gostarão do filme. Aos prantos, eles provavelmente mal saberão o que dizer ao fim da sessão.

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