
De uma doçura desconcertante, A Criança da Meia-Noite (“La Permission de Minuit, França/Bélgica,
2010) encanta e diverte. A história do menino e seu médico lutando pela
descoberta da cura consegue não ser sugada pelos clichês e melodramas e isso
torna o filme incrível.
Romain (Quentin Challal) tem
treze anos e uma rara doença genética que faz com que os raios de sol
causem danos ao DNA de suas células. Ele possui uma relação de profunda amizade
com seu médico David (Vincent Lindon). Mas quando David é chamado para
trabalhar na Organização Mundial da Saúde, ele não sabe como contar para Romain
que precisará ir embora.
A atuação da dupla principal é incrível. Quentin Challal se
transformou em um menino real, sarcástico e alegre, apesar da doença. A direção
e o roteiro foram muito felizes em não deixar que o personagem se tornasse
apenas o doente-triste-deprimido-prestes-a-morrer. Vincent Lindon também conseguiu fugir de
qualquer estereótipo de um médico dedicado ao trabalho e encanta o espectador.
Esse talvez seja o maior mérito do filme. Uma história tão
triste poderia facilmente ser levada para um drama de alagar o cinema. Mas ao
incluir, por exemplo, os problemas típicos da adolescência de Romain, o filme
se torna uma doce história que sabe que não precisa de artifícios para
emocionar, sabendo claramente que emocionar não significa fazer o público
chorar, mas fazê-lo se encantar com a história. E pelas expressões na saída do
cinema, o encanto deu certo.
