sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Tiro Pela Culatra [Festival do Rio]



O documentário "Luz, Câmera, Pichação" (Brasil, 2011) mostra a prática pelos próprios pichadores, mas apesar de contemplá-los, acaba passando uma imagem bem pior do que as expectativas.


Com uma arte muito boa, o que não poderia ser diferente, o longa abusa de filmagens noturnas para mostrar a ação dos pichadores como uma cultura a ser compreendida no Rio de Janeiro. O filme é composto por relatos clássicos e demonstrações práticas da atitude que é periodicamente questionada como arte. A produção é simples, com uma montagem fraca além de precariedade e erros na luz e no som. Apesar de cumprir um papel antropológico, a obra ainda é muito amadora, mas, levando em conta que apenas três pessoas (Marcelo Guerra, Gustavo Coelho, Bruno Caetano) foram responsáveis pelo trabalho todo, o resultado chega a ser louvável.


Nos deparamos com relatos sobre o gosto pelo risco da ilegalidade, afirmações de que o único propósito da pichação é a autopromoção, comparações nada amigáveis com formatos de arte já consagrados, além de contradições complicadas. Outro fato peculiar é que se realmente houver algum interesse da polícia em autuar os praticantes da pichação, tida por lei como vandalismo, o longa é praticamente um mandato de prisão, relacionando os codinomes com os praticantes, explicando a técnica da atuação e registrando inúmeros "delitos" (provas).


No documentário, a pichação acaba sendo ainda comparada com a publicidade, que é "posta em qualquer lugar na rua", e até mesmo com a sexualidade, como algo que não se escolhe, apenas sente. Os entrevistados, completamente parciais, acabam atuando contra si na medida em que fazem afirmações pouco pensadas e demonstram falta de cultura ou revolta sem argumentos. Apesar do esforço, a obra não deixa de ser fraca e vale apenas como experiência.

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