
Mais um filme de Ryan Gosling pra arrebentar a
boca do balão! Dessa vez ele dá vida a um motorista sem nome e todo caladão em
“Drive”. Com uma estética e look diferente de qualquer coisa que você já viu.
Mas um rostinho bonito só te leva tão longe, e você se depara com uma intensa
falta de conteúdo.
Um homem de poucas palavras com um talento especial no volante, ele é especialmente seco. Essa opção de personagem pode ter contribuído para tornar o filme mais lento, mas é uma opção que vale a pena. Uma opção que não vale a pena, no entanto, são os antagonistas. Um bando de mafiosos canastrões que não transcende os jargões que falam. É, com certeza, aí que o filme começa a perder. Por mais interessante que o nosso protagonista seja, ele não pode desenvolver mais se o seu inimigo é um bando de babacas que querem dinheiro e mandam capangas por isso. Pra você ter idéia, um dos mafiosos é dono de uma pizzaria. Eles impedem que a trama vá além do previsível, sem falar que a subplot do carro de corrida é dramaticamente dispensável, e gera uma antecipação que nunca se concretiza.
O que realmente rouba a cena de “Drive” é o
feeling anos 80 que ele passa. Do título escrito em rosa até a música passando pela
jaqueta de escorpião do mocinho. Tudo tem um ar anacrônico que perpassa esse
filme. Mas não é o clássico feeling anos 80 que temos aqui, é algo muito
específico dessa década. Pra você ter idéia, se encontra muito mais perto de
“Gigolô Americano” ou “Negócio Arriscado” do que de “Exterminador do Futuro”.
Por mais que a cena inicial de perseguição seja uma promessa falsa, é uma
mentira boa. A trilha sonora é muito boa (eu to ouvindo ela agora), e a
fotografia faz um trabalho competente. Com certeza “Drive” é um presente para
seus olhos e ouvidos, só tome cuidado para o seu cérebro não ficar entediado no
caminho.
