terça-feira, 25 de outubro de 2011

“Já estamos chegando?” [Festival do Rio]




Mais um filme de Ryan Gosling pra arrebentar a boca do balão! Dessa vez ele dá vida a um motorista sem nome e todo caladão em “Drive”. Com uma estética e look diferente de qualquer coisa que você já viu. Mas um rostinho bonito só te leva tão longe, e você se depara com uma intensa falta de conteúdo.



“Drive” é uma história clássica de redenção. O criminoso conhece a mocinha boa e quer reparar todos os erros que cometeu, eventualmente ele acaba se voltando contra a máfia que o patrocinava. Não há exatamente nada de novo nessa história. Embora o filme apresente uns contornos interessantes, como a mocinha ter um marido, nada disso evolui para tornar a história original. O personagem de Ryan Gosling é um dos pontos altos do roteiro. 


Um homem de poucas palavras com um talento especial no volante, ele é especialmente seco. Essa opção de personagem pode ter contribuído para tornar o filme mais lento, mas é uma opção que vale a pena. Uma opção que não vale a pena, no entanto, são os antagonistas. Um bando de mafiosos canastrões que não transcende os jargões que falam. É, com certeza, aí que o filme começa a perder. Por mais interessante que o nosso protagonista seja, ele não pode desenvolver mais se o seu inimigo é um bando de babacas que querem dinheiro e mandam capangas por isso. Pra você ter idéia, um dos mafiosos é dono de uma pizzaria. Eles impedem que a trama vá além do previsível, sem falar que a subplot do carro de corrida é dramaticamente dispensável, e gera uma antecipação que nunca se concretiza.


O que realmente rouba a cena de “Drive” é o feeling anos 80 que ele passa. Do título escrito em rosa até a música passando pela jaqueta de escorpião do mocinho. Tudo tem um ar anacrônico que perpassa esse filme. Mas não é o clássico feeling anos 80 que temos aqui, é algo muito específico dessa década. Pra você ter idéia, se encontra muito mais perto de “Gigolô Americano” ou “Negócio Arriscado” do que de “Exterminador do Futuro”. Por mais que a cena inicial de perseguição seja uma promessa falsa, é uma mentira boa. A trilha sonora é muito boa (eu to ouvindo ela agora), e a fotografia faz um trabalho competente. Com certeza “Drive” é um presente para seus olhos e ouvidos, só tome cuidado para o seu cérebro não ficar entediado no caminho.

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