Cada filme tem o seu tempo. No
caso de Post Mortem (“Post Mortem,
Chile/Alemanha/México, 2010), esse tempo passa muito, muito devagar. Os menos
pacientes ou dormirão ou irão ao banheiro só para esticar as pernas. Mas quem
conseguir encarar o desafio incomum, se surpreenderá com um filme forte e
chocante.
Mario (Alfredo Castro),
responsável por datilografar relatórios de autópsias em um necrotério militar,
se apaixona por Nancy (Antonia Zegers), dançarina de cabaré e sua vizinha da
frente. Quando Augusto Pinochet derruba o governo democrático de Salvador
Allende, a família de Nancy se vê perseguida pela ditadura e Mario se vê no
meio dessa história.
Apesar do contexto histórico, o
golpe é apenas um pano de fundo. Mesmo assim, a recriação do período é incrível
e real. A fotografia do filme é bastante envelhecida e, por isso, o filme não
tem aquela cara de “filme de época”. Simplesmente parece feito naquela época o
que, claro, é uma grande qualidade.
Mas a estrela do filme é mesmo
Alfredo Castro. Seu personagem mal fala ou expressa um mísero sorriso, mas
durante os 98 minutos você sabe exatamente o que ele está pensando. Sua quase
loucura é perfeitamente balanceada pelo seu amor por Nancy. E mais uma vez sem
falar e sem esboçar uma única expressão, Mario tem seu auge na cena final do
filme, uma sequência de quase cinco minutos em plano único que é uma verdadeira
aula de como fazer cinema.
