quarta-feira, 12 de outubro de 2011

'Devagar Se Chega Longe' [Festival do Rio]




Cada filme tem o seu tempo. No caso de Post Mortem (“Post Mortem, Chile/Alemanha/México, 2010), esse tempo passa muito, muito devagar. Os menos pacientes ou dormirão ou irão ao banheiro só para esticar as pernas. Mas quem conseguir encarar o desafio incomum, se surpreenderá com um filme forte e chocante.


 Mario (Alfredo Castro), responsável por datilografar relatórios de autópsias em um necrotério militar, se apaixona por Nancy (Antonia Zegers), dançarina de cabaré e sua vizinha da frente. Quando Augusto Pinochet derruba o governo democrático de Salvador Allende, a família de Nancy se vê perseguida pela ditadura e Mario se vê no meio dessa história.


Apesar do contexto histórico, o golpe é apenas um pano de fundo. Mesmo assim, a recriação do período é incrível e real. A fotografia do filme é bastante envelhecida e, por isso, o filme não tem aquela cara de “filme de época”. Simplesmente parece feito naquela época o que, claro, é uma grande qualidade.


 Mas a estrela do filme é mesmo Alfredo Castro. Seu personagem mal fala ou expressa um mísero sorriso, mas durante os 98 minutos você sabe exatamente o que ele está pensando. Sua quase loucura é perfeitamente balanceada pelo seu amor por Nancy. E mais uma vez sem falar e sem esboçar uma única expressão, Mario tem seu auge na cena final do filme, uma sequência de quase cinco minutos em plano único que é uma verdadeira aula de como fazer cinema.
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