sábado, 8 de outubro de 2011

Gritos Calados [Festival do Rio]



Uma produção simples, que não deixa faltar, mas também não empolga na qualidade técnica. Talvez apenas pela profundidade da temática, "Invisível” (Lo Roim Alaich / Invisible, Israel, 2011) prenda, deixando os outros quesitos, ainda que importantes e bem projetados, menos evidentes.

O filme do diretor Michal Aviad conta a história de duas mulheres que se reconhecem 20 anos após serem vítimas de um mesmo estuprador. Nira é uma mãe solteira e editora de vídeos. Lily é ativista política, que apesar de demonstrar força e imponência pelas suas causas, vive uma trama de extrema fragilidade no lar. Juntas, elas tentam reviver e suportar o trauma que pensavam já ter superado.

A produção é inspirada na história real de um estuprador em série que assustou Tel Aviv no fim dos anos 70 e utiliza imagens de arquivo e depoimentos do caso. De forma híbrida, o documental e a ficção se completam perfeitamente, um atributo que Aviad certamente aproveita de sua experiência como documentarista.


O contraste entre cenas de muita claridade e outras tomadas por sombras, além do uso cuidadoso do silêncio, nos leva ao sentimento atordoante de insegurança que persegue as personagens. Com ritmo progressivo, a história começa prometendo bem pouco até que convence e prende. Os conflitos secundário são fundamentais para balancear o clima pesado, mas também dinamizam a trama.

O longa não fica preso ao drama. Ele busca causar impacto para atuar como denúncia. Não apenas ao estupro, problemática óbvia e frágil, mas para toda a sociedade que parece não se importar ou entender a gravidade desse crime. A produção não entra no mérito do crime e da loucura, que sempre vão existir, mas busca estimular o humanismo e reeducação social diante de um problema tão grave.

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