quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Corações Cheios de Ilusão [Festival do Rio]




Três coisas fazem de Corações Sujos (2011) um filme peculiar: a trilha sonora exageradamente melodramática, uma câmera subjetiva que mais lembra algum filme do Predador e o Eduardo Moscovis no meio de tantos japoneses. O longa de Vicente Amorim é bom, e embora tenha aberto o Festival de Paulínia nesse ano, pode ter ficado meio perdido em meio aos outros filmes do Fest Rio. A fotografia é interessante, com algumas imagens lindas, mas a narrativa que respira quase como em meditação e a trilha que implora por emoção só fazem distrair.



O filme é baseado no livro-reportagem de Fernando Morais que conta como foi a aceitação, por parte da colônia japonesa no Brasil, da notícia de que o Japão havia perdido a II Guerra Mundial e assinado um termo de rendição. A condição de acuados por uma polícia abusiva fez surgir um grupo cético entre os imigrantes japoneses, que, movido por um patriotismo exacerbado, recusou-se a acreditar no que era noticiado. Determinado a defender a honra do Japão, o grupo de fanáticos dedicou-se ao assassinato dos “corações sujos”, aqueles que acreditavam na verdade e, por isso, eram vistos como traidores.



Mas a história do filme não é sobre o grupo em si. A narrativa se desenvolve baseada no relacionamento de um fotógrafo e sua esposa professora, e o amadurecimento de uma aluna muito fofa. O tempo todo são exploradas questões como o aprendizado da língua portuguesa, visto como bobagem pelos imigrantes mais conservadores. É o tipo de filme para ser assistido em casa com alguma paciência e o dedo no botão de volume do controle remoto – pra não deixar as músicas estragarem o momento por completo. 

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...