segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Um Tripé e Muitas Câmeras [Festival do Rio]



Com um belo cuidado em fechar bem o longa em cada detalhe, o diretor Nando Olival surpreende com Os 3 (Brasil, 2011), uma história que vai muito além de um simples encontro entre universitários e brinca com amizade, amor, tesão e realidade.


Os protagonistas acabam de deixar suas vidas típicas no interior para começar algo completamente novo na capital paulista. Seguimos seus passos pela narrativa de Rafael (Victor Mendes), um jovem pacato que acaba de chegar na grande São Paulo sem ter onde ficar. Durante uma festa de recepção ele conhece os calouros Camila (Juliana Schalch) e Cazé (Gabriel Godoy), dois jovens bem mais desinibidos. Enquanto a garota é decidida e autoritária, o rapaz faz o tipo canastrão. Ainda assim, os três têm muito em comum: Acabam de ingressar na faculdade, de chegar na cidade, estão insatisfeitos e arrumando um lugar para ficar. É então que decidem morar juntos. Com o tempo, uma relação de companheirismo e amor profundo se cria até que nenhum deles consegue mais se separar.


Durante o longa, fica clara a preocupação do diretor em fazer um trabalho correto, limpo e bem fechado. Nando Olival compreende bem desde a câmera até a montagem, o que torna o êxito ainda mais próximo. Sem erros bobos nem um roteiro previsível, a história prende com tons de erotismo e deliciosa poesia. Os atores foram um achado do diretor, completando bem o tom da obra. A fotografia segue o cuidado proposto, sem grandes invenções, dá um clima preciso para que o longa seja entendido como uma brincadeira íntima. Com uma equipe experiente, a parte técnica da produção é digna de aplausos.


A mistura entre o triangulo amoroso e um tipo de reality show em que se metem os personagens dá um giro completo na trama, que surpreende. Essa intervenção pode comprometer alguns aspectos do filme, mas faz o jovial-moderno ainda mais crescente na obra, quebra padrões e apresenta algo novo. O roteiro de Os 3 tem algo de Shakespeare, passando por Bertolucci até penetrar na interpretação comercial de Orwell. No mais, o longa transcende qualquer estigma de gerações próprias, lidando com conflitos humanos comuns e até essenciais.

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