
O festival tem
sempre as suas surpresas que chegam de fininho e passam despercebidos, mas são
surpreendentes por isso. Esse é o caso de “A Outra Terra”, produção
independente americana cujas limitações técnicas são facilmente perdoadas pela
excelência na execução. Não só pela maestria contida na técnica desse filme, a
maneira com que nos conectamos com a dor e as angústias dos personagens
resultam num filme que fala com a gente como poucos conseguem.
Quando um
planeta-espelho da Terra é descoberto, uma adolescente causa um acidente de carro
matando a mulher e o filho de um professor de universidade. A história começa
pesada, mas a medida que o filme vai se focando na reparação do erro cometido
pela jovem, ela começa a nos encantar. O tema de “A Outra Terra” é bem claro:
redenção. E a medida que esses personagens vão emergindo de volta a vida a
beleza do filme vai superando a sua tristeza. O sci-fi contido aí é incipiente,
e felizmente fica como pano de fundo para todo o conflito.
“A Outra Terra”
vai lembrar você da falta que a humanidade faz no cinema. Existe um quê de
errado em toda essa melancolia que toma conta da gente. É difícil entender como
um trabalho tão bom não recebe mais atenção. O que também é uma pena, porque é
o filme que eu mais gostei desse festival. Ouviu isso, Gus Van Sant?
