Marcado por crítica, ironia e sarcasmo, "The Guard" (Irlanda, 2011), do diretor Michael McDonagh, arranca constantes gargalhadas com um humor de fina inteligência.
O sargento Gerry Boyle é um veterano desregrado da polícia que vive em uma pequena cidade na Irlanda. Acostumado com casos simples e seu próprio jeito de lidar (nada convencional), se vê em uma situação completamente nova quando o agente do FBI Wendell Everett é enviado para investigar uma quadrilha internacional suspeita de tráfico de drogas. Mesmo assim, Boyle não perde seu estilo e tenta cuidar das coisas ao seu modo.
Com cores fortes e uma trilha sonora cômica que empolga, o longa consegue ridicularizar cada um dos seus personagens, sobretudo quando ligados à própria polícia. Deparamos-nos ainda com vilões filósofos e melodramáticos em contraste com mocinhos sem nenhum tipo de moral. Apesar de alguns erros de continuidade, o filme consegue se redimir com cortes de forte aplicação cômica e um ritmo convidativo. A obra conta ainda com inúmeras referências cinematográficas.
Com cenários ridicularizados e pitorescos, o humor "cara-de-pau" predomina, ainda assim o filme consegue manter uma verossimilhança muito confortável, não chegando a ser um besteirol cômico. Os ótimos diálogos apenas complementam um roteiro muito bem formulado, que pode surpreender e conquistar. Mesmo com tantos momentos de sarcasmo, o filme trata de assuntos bem sérios como a solidão, frustração e interação familiar, tudo no ponto exato. A obra, muito pouco visada no festival, só deixa a desejar na divulgação.
