
É muito comum lermos no jornal sinopses que prometem uma trama que não é entregue pelo filme, principalmente quando se trata de um festival com quase 400 produções em sua programação. Mesmo assim, é extremamente frustrante, e às vezes até mesmo irritante, pensar que vamos assistir a uma coisa e recebermos algo completamente oposto. Infelizmente isso acontece com o drama Gun Hill Road (sem título em português, EUA, 2011).
Prometendo nos contar a história de um ex-presidiário que precisa aprender a lidar com a distância sentimental da esposa e as mudanças sexuais do filho adolescente, o filme apenas passeia por esse campo, focando mais nos questionamentos desse filho . O rapaz, aliás, é um aspirante a transexual precoce que, travestido de mulher em um recital de poesias, se envolve com um jovem que paga suas aplicações clandestinas de silicone em troca de favores sexuais.
Com uma estrutura narrativa que tenta forçar a sensação de realismo, nossa atenção acaba se desprendendo do filme fazendo com que certas falhas técnicas se tornem evidentes. A maioria delas vêm através da fotografia e da edição já que, ambas tendo uma proposta bastante simples, poderiam ter sido mais bem cuidadas. Mesmo assim, o filme carrega seus méritos, alguns por conta desse mesmo exagero realista que já citei. Em alguns momentos, a trama e a direção arrancam tanta emoção dos atores que chego a me perguntar se o roteiro teria um quê biográfico, principalmente no que diz respeito ao protagonista que, ou é realmente um adolescente com ânsias de mudar de sexo, ou merece todos os prêmios de atuação do ano.
